Jornal Estado de Minas

Lama de rejeitos afetou pelo menos mil hectares de áreas de preservação permanente

Técnicos do Ibama que acompanham os efeitos da devastação provocada pelo rompimento da barragem do Fundão, da Samarco (controlada pela Vale e BHP Billinton), no dia 5 de novembro, estimam que a lama de rejeitos minerais afetou  aproximadamente mil hectares de áreas de preservação permanente nas margens dos rios por onde os rejeitos passaram,  principalmente o Rio Doce. De acordo com a coordenadora geral de emergência ambiental do Ibama, Fernanda Pirilo, os funcionários do órgão federal seguem trabalhando no salvamento de peixes, especialmente das espécies nativas da bacia.

O Ibama alerta que é preciso cuidado no resgate de peixes para que o problema não seja aprofundado por ações precipitadas, ainda que bem intencionadas. O instituto listou alguns dos possíveis problemas na transferência indiscriminada de peixes do rio para as lagoa.

- Altíssimos índices de mortalidade dos peixes trazidos do Rio Doce, pelas dificuldades técnicas no transporte ou pela não adaptação aos ambientes das lagoas marginais
- Predação maciça de peixes jovens em desenvolvimento em lagoas que tenham papel de berçário
- Transferência indiscriminada de espécies exóticas invasoras presentes no Rio Doce, como o bagre africano e o tucunaré
- Concorrência intensa com os peixes residentes das lagoas, por comida e refúgios
- Alterações químicas decorrentes de possíveis contaminantes que podem já ter chegado aos pontos mais baixos do Rio Doce
- Mortandade em massa pelo esgotamento de oxigênio na água em razão da superlotação das lagoas.