A tragédia em Mariana despertou o pânico em diversas cidades que contam com a atividade mineradora. A Associação dos Municípios Mineradores de Minas Gerais (Amig) tem tentado articular um movimento para modificar a legislação e estabelecer uma distância mínima entre as barragens e os centros urbanos. De acordo com o Departamento Nacional de Exploração Mineral, o Brasil tem 658 barragens de rejeitos de mineração, das quais 218 em Minas Gerais.
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Barragens são maior desafio no estado, diz especialista MP vai analisar todos os processos de licenciamento de barragens em MinasSem plano de emergência, número de mortes na mineração acende alerta em Minas Precariedade afeta até a arrecadação de municípios mineradoresFamiliares de desaparecidos em tragédia de Mariana pedem que buscas continuemPelo menos 10 pontes em distritos de Mariana foram destruídas por lama de barragemR$ 100 mil em remédios serão doados à população de MarianaFreitas, que é prefeito de Congonhas (MG), diz que os moradores estão preocupados com a barragem da mina Casa de Pedra, da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN). O empreendimento está a cerca de 300 metros de um populoso bairro da cidade. "As pessoas estão em pânico, sem dormir", conta.
Embora técnicos digam que não há riscos de rompimento, o município e a companhia reuniram-se na última quarta-feira em audiência pública na Assembleia Legislativa de Minas Gerais para discutir o caso. "Nós precisamos da mineração e a mineração precisa do município, porque é lá que está o minério. Nós temos de ter esse bom entendimento, porque gera renda, gera emprego, mas o dano ambiental, o impacto sobre as cidades também é muito grande", desabafa Freitas.
O promotor de Justiça do Ministério Público de Minas Gerais, Mauro da Fonseca Ellovitch, considera que o tratamento dado pelas autoridades à atividade minerária no Estado é falho.
"Isso preocupa. Sabemos que é uma atividade essencial, que gera emprego e renda, mas vemos muitas falhas. Por vezes o Estado é colocado em xeque pela mineração", diz.
O promotor faz parte da equipe que investiga o caso da Samarco e fechou um acordo preliminar de R$ 1 bilhão para garantir recursos mínimos à reparação de danos coletivos. O valor é o maior já acautelado nesse tipo de ação no País, mas Ellovitch destaca que ainda pode ser muito maior conforme o desenrolar do caso.
O secretário de Desenvolvimento de Minas Gerais, Altamir Rôso, diz que ainda não tem um balanço dos impactos que a tragédia em Mariana terá para a economia do Estado. Muitas empresas instaladas às margens do Rio Doce estão sendo afetadas pelo desastre que cobriu o rio de lama. "Nossa posição é dar apoio total às empresas para minimizar as consequências", disse, sem precisar como será esse apoio. Uma reunião deverá ser marcada nas próximas semanas para discutir a situação.
Para Rôso, alguns conceitos terão que ser rediscutidos após o acidente da Samarco.