Mariana – Familiares e amigos de vítimas desaparecidas no rompimento da barragem da Samarco, controlada pela Vale e a australiana BHP, em Bento Rodrigues, subdistrito de Mariana, na Região Central de Minas Gerais, fizeram um protesto ontem para pedir que as buscas pelos corpos não sejam interrompidas. Depois da manifestação, eles participaram de uma reunião com o comando do Corpo de Bombeiros, quando foram informados que as buscas continuarão enquanto for necessário.
O protesto começou por volta das 11h. Um grupo de 30 pessoas com cartazes pedindo Justiça e exibindo imagens dos desaparecidos saiu em passeata. “Queremos um enterro digno para os nossos parentes”, disse, emocionada, Maria Imaculada Carvalho de 55 anos, irmã de Daniel Carvalho de 53. “Perdemos vidas. Bens materiais a gente recupera, mas vidas, não. Estão tratando as famílias dos desaparecidos como ninguém, como se fosse um pedaço de carne que está aqui enterrado na lama. Só temos um corpo para ser enterrado e a Samarco está dando as costas para a gente”, afirmou a técnica de segurança Ana Paula Auxiliadora Alexandre, de 40, esposa de Edinaldo Oliveira de Assis, de 40.
O grupo terminou a manifestação em frente à sede da empresa, onde esperou alguns minutos para conversar com o comandante-geral do Corpo de Bombeiros de Minas Gerais, coronel Luiz Henrique Gualberto, que negou qualquer orientação para a interrupção das buscas.
O oficial garantiu que as buscas vão continuar por tempo indeterminado. De acordo com ele, 42 militares estão envolvidos nos trabalhos e, a partir de hoje, o efetivo terá o reforço de bombeiros de outras cidades de Minas.
Segundo o coronel Gualberto, nos primeiros dias de resgate o número de bombeiros empenhados chegou a 115, mas os alunos da academia foram liberados. Atualmente, as equipes especializadas em busca e salvamento estão participando dos trabalhos.
A partir de hoje, representantes das famílias dos desaparecidos poderão participar das reuniões diárias dos bombeiros com a Samarco. Os parentes das vítimas serão levados para o posto de comando dos bombeiros montado na sede da empresa.
Lá, eles terão acesso a fotografias de veículos e máquinas encontradas nas buscas. Para as famílias, o ponto onde esses equipamentos foram localizados pode direcionar os bombeiros na procura dos corpos.
Parentes dos desaparecidos decidiram que somente vão deixar Mariana depois da localização de todas as vítimas. Mesmo quem tiver o parente encontrado permanecerá na cidade em solidariedade aos demais.
Já a Samarco informou que vai continuar oferecendo recursos para os bombeiros e as equipes da Defesa Civil trabalharem. Os parentes dos desaparecidos decidiram que permanecerão em Mariana até que todos os corpos sejam encontrados. A atitude solidária, entendem eles, vai manter o grupo mais unido.