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Em Barra Longa, fazendeiros estimam perda de 2 mil cabeças de gado com tsunami de rejeitosLama sepulta oásis de vida e devasta rios em MinasCatólicos e evangélicos fazem culto ecumênico para ajudar vítimas de tragédia em MGBR-040 passa por varrição mecânica em áreas onde há concentração de mineradorasConjunto musical de Mariana participa de encontro de bandas em BHTime de Bento Rodrigues volta a jogar após ter campo destruído pela lamaNa visita feita à área das barragens, o EM identificou marcações com data de 2012, mas não havia funcionários no local que pudessem explicar a situação do monitoramento da estrutura. Sobre o crescimento da vegetação nas paredes da barragem, o professor explica: “Não era para ter vegetação rasteira, muito menos árvores crescendo no corpo do barramento. As raízes podem aprofundar, ocasionar erosão, atravessar a camada impermeável da barragem, criando um canal para passagem de água ou rompendo o dreno.
RISCO PARA INHOTIM O presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Paraopeba, Denes Martins da Costa Lott, também considera que é preciso um acompanhamento maior do estado aos empreendimentos de mineradoras cujas operações foram desativadas. Segundo ele, a situação da barragem da Emicon ainda não foi apresentada para análise no comitê. No entanto, ele reforça que, depois do ocorrido com a barragem do Fundão, da mineradora Samarco, em Mariana, o sinal de alerta foi disparado. Em caso do rompimento, Denes lembra que, além de comprometimento da bacia do Paraopeba, a lama pode atingir Inhotim, museu de arte contemporânea que fica na região.
Os comitês de bacias hidrográficas são órgãos colegiados da gestão de recursos hídricos, com atribuições de caráter normativo, consultivo e deliberativo, e integram o Sistema Estadual de Gerenciamento de Recursos Hídricos. Denes anunciou que será formado um grupo de trabalho para fazer levantamento da situação das barragens que estão no perímetro da bacia hidrográfica. “Queremos levantar quantas são e qual é a situação de cada uma delas. Faremos isso o mais breve possível”, diz. Ele também fez uma crítica ao marco regulatório para o setor. “A legislação foi estabelecida depois do rompimento da barragem da Mineração de Rio Verde, em 2001, em São Sebastião das Águas Claras, em Nova Lima. A legislação burocratizou o processo, mas não trouxe segurança para a sociedade”, afirma.
O coordenador do projeto Manuelzão, Marcos Vinícius Poliano, afirma que é importante aumentar a atenção acerca de possíveis impactos de barragens da mineração às bacias hidrográficas. “Estão mais do que comprovados os danos que o rompimento de barragens pode trazer para uma bacia.” Ele lembra que, nos últimos 14 anos, foram cinco rompimentos dessas estruturas em Minas: em Mariana, São Sebastião das Águas Claras (Macacos), em Nova Lima; Cataguases e Miraí, na Zona da Mata, e Itabirito, na Região Central. Segundo ele, com o acidente em Mariana, será ampliada a discussão sobre a situação das barragens no Baixo Rio das Velhas.
Por meio de nota, a Secretaria de Estado de Meio Ambiente informou que não consta no Banco de Declarações Ambientais da Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam) nenhuma barragem pertencente à Emicon. A empresa Emicon foi procurada por telefone, mas não atendeu à reportagem e também não respondeu à solicitação de retorno enviada no e-mail que consta na página da empresa, na internet.
Dimensão no estado - 735 barragens existem em Minas, de acordo com relatório de janeiro de 2015 da Secretaria de Estado de Meio Ambiente
693 - dessas estruturas têm estabilidade garantida por auditor independente, enquanto 42 não são estáveis
317 das barragens instaladas em Minas são de mineração, o que representa 48% das 662 no Brasil
Fonte: Semad e DNPM
ESTRUTURA INSUFICIENTE A Gerência da Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam), responsável pelo programa de gestão de barragens, conta atualmente com oito técnicos. O órgão informa que, além desse quantitativo, há as equipes de análise dos processos de licenciamento ambiental da Secretaria de Estado de Meio Ambiente, atualmente composta por 565 técnicos, que, no âmbito de suas competências, analisam os processos de licenciamento ambiental de barragens de rejeito de mineração, e a equipe de fiscalização da secretaria, composta atualmente por 80 fiscais incluindo o atendimento às emergências ambientais. “É importante ressaltar que as barragens de maior potencial de dano ambiental (classe III) são vistoriadas anualmente por auditor independente no âmbito do programa de gestão de barragens da Feam”, informa a gerência..