O abastecimento de água volta a ser restabelecido, aos poucos, nesta segunda-feira, na cidade de Colatina (ES), uma das afetadas pela contaminação do Rio Doce, decorrente do rompimento da Barragem do Fundão, em Mariana, em 5 de novembro.
A captação de água do Rio Doce feita pelo Serviço Colatinense de Meio Ambiente e Saneamento Ambiental (Sanear) recomeçou nesse domingo, às 22h30. O Sanear retomou a captação e o tratamento da água, depois do resultado positivo da análise feita pelo laboratório Tommasi. A distribuição começa gradativamente a partir desta segunda-feira, com previsão de normalização em cerca de três dias.
A captação havia sido suspensa na quarta-feira, com a chegada da onda de lama devido ao rompimento da barragem de Mariana. A prefeitura informa que, junto com o Sanear, fez todos os esforços para manter parte do abastecimento da cidade, contando com o apoio de especialistas e técnicos em tratamento de água, que atuaram no restabelecimento da captação em Governador Valadares. Testes foram sendo realizados, com acompanhamento da evolução dos exames, até que nesse domingo foi encontrado um resultado de análise de água completamente dentro dos padrões da legislação (Portaria 2914/2011 do Ministério da Saúde).
A prefeitura informa, ainda, que, mesmo com o reinício de captação de água do Rio Doce, será mantida a estrutura de carros-pipa captando água da lagoa e levando para as três estações de tratamento da cidade. Também terá continuidade a entrega de água mineral, feita pela Samarco, com apoio do Exército e da Polícia Militar, até o completo restabelecimento do fornecimento de água no município.
TANFLOC Para ser reiniciado o fornecimento de água captada do Rio Doce em Colatina, foi usado o Tanfloc, um produto coagulante/floculante usado em tratamento de água. Laudo apresentado pela prefeitura explica que foram realizados três testes em dias diferentes para assegurar a qualidade da água.
A coleta da água tratada com o Tanfloc foi feita na Estação de Tratamento de Água II. O laudo apresentou alterações nos níveis de manganês. Mas de acordo com o engenheiro químico do Sanear Arthur Batista Ferreira, os níveis estão de acordo com o estabelecido pelo Ministério da Saúde. Pela Portaria 2914, as concentrações de ferro e manganês não podem ultrapassar 2,4 mg/L e 0,4 mg/L, respectivamente. E, no caso, o parâmetro manganês total apresentou concentração de 0,147 mg/L, segundo análise do laboratório Tommasi Analítica.
Ainda segundo Arthur, os níveis de manganês apresentados na água vêm baixando desde que o primeiro teste foi realizado. Os níveis de turbidez da água também estão variando e vêm baixando desde que a lama chegou à cidade.
Um alerta quanto à coloração, no entanto, foi feito pelo coronel da Defesa Civil Fabiano Bonno: "É possível que a primeira água que chegue às casas apresente uma coloração mais escura. A rede esteve com o abastecimento precário durante cinco dias e, como a água chegará com mais pressão às casas, acaba levando um pouco de sujeira dos canos, isso é normal. Orientamos que a população aproveite essa água para lavar suas caixas d’água”.
LINHARES Também banhada pelo Rio Doce – a foz fica no distrito de Regência Augusta, que pertence ao município – Linhares não teve problemas com abastecimento de água, devido à captação feita diretamente do Rio Pequeno. Barreiras foram montadas durante o fim de semana para que não houvesse contaminação do rio.
Nesse domingo, a prefeitura informou ter havido questionamentos em relação ao aparecimento de um tom levemente amarelado no leito do Rio Pequeno. Mas acrescentou que o Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae) da cidade afirmou ter realizado testes da qualidade da água e não haver qualquer contaminação com a água do Rio Doce. O tom amarelado seria decorrente da chuva que atingiu Linhares e região no sábado.