Ontem, o promotor dividiu o inquérito em dois. O primeiro, para apurar o motivo do rompimento da barragem do Fundão e o segundo, protocolado no início da tarde, para a acompanhar as outras estruturas, como as barragens do Germano e Santarém, além do dique da Selinha, todos com graves problemas de segurança (veja arte). O promotor afirma que recebe informações diárias sobre as barragens ameaçadas e que dividiu toda a documentação recebida em três partes. A primeira, são os documentos que dizem respeito ao licenciamento das barragens. O segundo bloco engloba a análise dos projetos de engenharia das estruturas, e o terceiro são os que substanciam os danos provocados.
Entre os documentos analisados pelo MPMG, está um laudo, de 2013, do Instituto Pristino, que mostrou que duas áreas da barragem do Fundão se sobrepunham, o que poderia “potencializar processos erosivos” e causar um “colapso da estrutura”. O laudo foi elaborado a pedido da Coordenadoria Geral das Promotorias de Justiça de Defesa do Meio Ambiente do MP de Minas Gerais.
Um dos técnicos de uma empresa de consultoria, convidado pelo MPMG a ajudar na análise, acredita em outra hipótese. Segundo ele, que pede para não ser identificado, a principal razão para o rompimento de barragens de rejeito são problemas relacionados ao controle da água. “O beneficiamento do minério precisa de água para fazer a fração, e a água sobra junto com rejeito. Existem tecnologias que tiram a água do rejeito, mas isso é caro e as mineradoras não têm interesse nisso, pois gastar com rejeito não é algo lucrativo”.
O presidente da Samarco, Ricardo Vescovi, afirmou, em entrevista a uma emissora de TV no último domingo, que o aumento da produção não comprometeu a segurança e que a empresa adotou todos os procedimentos de segurança exigidos pela lei. O executivo será ouvido pela Polícia Civil nos próximos dias. O delegado-geral de Ouro Preto, Rodrigo Bustamante, informa que o executivo está entre as 50 pessoas – vítimas, testemunhas e funcionários da empresa – que os policiais pretendem escutar o depoimento.
CLAMOR O delegado não detalha, entretanto, em qual delegacia Vescovi será interrogado.
Sem documento
A Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) ainda não tem um relatório completo sobre os danos causados pelo rompimento da barragem de Fundão. “Para elaboração de tal relatório, solicitamos o apoio da PM Ambiental, dos Núcleos de Fiscalização da Semad, além dos fiscais e técnicos, para levantamento de informações da fauna, flora, recursos hídricos e áreas de preservação ambiental atingidas, inclusive com registros fotográficos, análise de imagens de satélite, além do dano relacionado à interrupção do abastecimento público de água, dano à saúde humana e à vida.