Mariana – "Recebi o rapaz da Comunicação da Samarco, Rafael, que me disse assim: 'Sandra, tentei te ligar no XXXX-3556! Ô, Rafael, tem um ano que não tenho mais esse telefone lá em casa...". A revelação de Sandra Domertides Quintão, de 43 anos, é apenas mais um dos indícios que confirmam como o aspecto de segurança vinha sendo relegado em Mariana. Com jeito carismático e, ao mesmo tempo, firme e direto, ela havia tornado o Bar da Sandra a principal referência de Bento Rodrigues de 2000 até 5 de novembro, quando a comunidade foi soterrada pela lama da Samarco/Vale/BHP Billinton. Chorando e fazendo coxinhas, sem parar um minuto, Sandra conta que tinha cortado a linha do fixo havia mais de um ano. “Eles estavam desatualizados. Não fiquei sabendo, não tive comunicação nenhuma. Senão, sairia buzinando por Bento com meu carro, porque em Bento todo mundo é unido. Ninguém lá quer o mal um do outro”.
Sandra conversou com a reportagem do Estado de Minas enquanto preparava unidades em série da sua coxinha de frango com catupiry, entremeada de tabuleiros de pés de moleque, na cozinha emprestada a ela pela gerência do Hotel Providência, no centro histórico de Mariana.
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Índios condenam desastre e dizem que Rio Doce está mortoLama de rejeitos desafia oceano e ameaça vida marinha'Empresa se afasta' diz promotor sobre mineradoraPara população de Bento Rodrigues, ajuda financeira oferecida pela Samarco é insuficienteSEM ACREDITAR Já a irmã de Sandra, Terezinha, responsável pelo tempero do frango ao molho pardo, confirma que, inicialmente, desconfiou da veracidade da informação.