Os sete procuradores que compõem a força-tarefa do Ministério Público Federal que investiga a catástrofe causada pelo rompimento da barragem da Samarco ouviram ontem, em Belo Horizonte, o diretor-presidente da mineradora, Ricardo Vescovi, e representantes de suas coproprietárias, a Vale e a BHP Billiton. Os procuradores exigiram que as empresas apresentem documentação e esclarecimentos sobre 20 itens, entre eles o contrato da Vale para despejo de rejeitos de minério de ferro na represa da Samarco.
Amanhã, os procuradores também ouvirão representantes dos órgãos ambientais do estado e do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM). O MPF também vai exigir deles documentos sobre a fiscalização da licença para operação da barragem que estourou.
PERITOS SOBREVOAM ÁREAS DEVASTADAS Peritos do Instituto de Criminalística da Polícia Civil de Minas Gerais vão viajar até o Espírito Santo para avaliar os estragos causados pela lama proveniente do acidente. Ontem, os policiais sobrevoaram os locais devastados pela lama nas cidades de Mariana, Barra Longa e Rio Doce. Do helicóptero da polícia, também avaliaram o que restou do Fundão e as barragens de Santarém e Germano, ambas com a segurança ameaçada.
“O sobrevoo de hoje serviu para planejar as próximas etapas da perícia. Vamos dimensionar as áreas de amostragens para verificação das faunas terrestre e aquática atingidas, as áreas de preservação permanente e as nascentes afetadas”, explicou o diretor do Instituto de Criminalística, Marco Paiva.
O perímetro total alcançado pelos rejeitos, segundo ele, já está em cerca de 826 quilômetros de extensão linear. De acordo com o delegado-geral de Ouro Preto, Rodrigo Bustamante, responsável pela investigação, será pedida a dilação do prazo, que se encerra no próximo dia seis, pois é impossível determinar os responsáveis em apenas um mês. “O Ministério Público já admitiu que pode demorar até um ano. Não podemos ter pressa e nem tirar conclusões precipitadas”, garante o delegado.