Durante cinco anos, a Samarco deixou de pagar parte de tributos para Mariana, cidade que teve os subdistritos de Bento Rodrigues e Paracatu de Baixo devastados por rejeitos de minério da Barragem do Fundão. De 2010 a 2014, a mineradora não recolheu metade do valor da Compensação Financeira pela Exploração dos Recursos Minerais, mais conhecida pela sigla CFEM. O valor total corresponde a aproximadamente R$ 22 milhões, bem abaixo do lucro líquido da mineradora no exercício passado (2014).
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Lama atinge reserva de desova de tartarugas-gigantesMinistério Público ouve presidente da Samarco e exige esclarecimentosDeputados aprovam mudanças na lei sobre licenciamento ambientalPolícia fecha primeiros 20 dias de investigação com oito depoimentos; até janeiro serão 60A entidade e o prefeito de Mariana à época, Roque Camelo, não concordaram com a postura da mineradora. “Eu disse até que, pelo valor a ser pago, era melhor o município ter uma extração de areia (com menor impacto ambiental) do que uma mineradora”, recordou Rosiane.
Durante cinco anos, a prefeitura e a Amig pressionaram a empresa para rever o cálculo da compensação. As conversas foram encerradas neste ano, quando a Samarco concordou com os argumentos do município e da Amig.
“A parcela referente ao ano de 2010 foi paga em setembro passado. A de 2011, em outubro último. A de 2012 está prevista para novembro. A de 2013, dezembro. A de 2014, janeiro de 2016”, disse Rosiane. A Amig e o município não informaram os valores exatos de cada parcela.
Por sua vez, o atual prefeito de Mariana, Duarte Júnior (PPS), informou que o valor total das cinco parcelas gira em torno de R$ 22 milhões. “Recebemos duas parcelas, entre R$ 4 milhões e R$ 5 milhões cada”, recordou Duarte.
Ele sequer ventila a possibilidade de as prestações posteriores serem suspensas pela Samarco em razão da queda de receita causada pelo rompimento da Barragem do Fundão, onde havia mais de 55 milhões de metros cúbicos de rejeitos de minério, em 5 de novembro.
DIVISÃO A CFEM é dividida em três fatias. O município onde ocorre a exploração recebe a maior parte do bolo (65%). Em seguida, o estado (23%). A União fica com 12%. A catástrofe ambiental causada pela lama da Samarco deve acelerar as discussões sobre mudanças no percentual da CFEM, atualmente em 2% do valor líquido da venda da substância, deduzidos outros impostos, quando for o caso. A Amig defende uma alíquota de 4% do valor bruto da venda do minério de ferro.
Procurada, a Samarco informou que “cumpre rigorosamente todas as suas obrigações tributárias nos âmbitos municipal, estadual e federal, conforme a legislação. O recolhimento adicional foi uma decisão voluntária da empresa, fruto de uma reavaliação interna da interpretação da base de cálculo da CFEM”..