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Governo da Bahia monitora litoral, mas diz que chance da lama chegar ao estado é remotaPeritos da Polícia Civil mineira vão ao Espírito Santo para nova etapa de análisesProtesto contra Samarco termina em pancadaria na Câmara dos DeputadosJustiça do Espírito Santo convoca Samarco para audiência de conciliação com pescadoresPor causa da tragédia de Mariana, ações da BHP têm queda na Bolsa de SidneyMinistério Público ouve presidente da Samarco e exige esclarecimentosDeputados aprovam mudanças na lei sobre licenciamento ambientalSamarco atrasa repasse a prefeitura e paga imposto em prestaçõesA Marinha do Brasil vem monitorando o avanço da lama, que já penetrou 20 quilômetros pelo mar. O oceano também já está vermelho de minério oito quilômetros ao sul da foz e 35 quilômetros ao norte. O navio Vital de Oliveira vai acompanhar os trabalhos de contenção e auxiliar nos estudos sobre os impactos do desastre na foz do Rio Doce e áreas marítimas adjacentes. A embarcação é equipada com três laboratórios e 30 equipamentos científicos e tem capacidade de mapear dados da atmosfera, oceano, solo e subsolo marinhos.
Com a abertura da foz por máquinas a serviço da Samarco, o rio ganhou um pouco mais de velocidade e tem conseguido vencer as ondas, mas quando a maré sobre, todo o material desenha nas praias marcas vermelhas, que deixam pescadores desolados por não poderem exercer sua profissão.
De acordo com o educador ambiental Carlos Sangália, do Projeto Tamar, de defesa das tartarugas marinhas, a população está angustiada por não saber a composição dos rejeitos, nem quando poderá voltar a usar a água. “O que deixa a gente mais apreensivo é justamente não saber se o peixe vai ficar envenenado e se água vai ficar imprópria para o consumo e por quanto tempo.
Em mais um sobrevoo sobre a área do oceano afetada, realizado ontem, técnicos do Instituto Estadual de Meio Ambiente (Iema) do Espírito Santo identificaram que a lama progrediu 3 quilômetros no sentido da capital, Vitória.
''A área afetada tende a se multiplicar''
O biólogo e pesquisador André Ruschi, diretor da Estação de Biologia Marinha Augusto Ruschi, de Aracruz (ES), uma das instituições de pesquisa ambiental mais antigas do país, afirma que os efeitos do desastre da Samarco sobre o ecossistema marinho só estão começando. Confirmando previsões feitas por ele ao Estado de Minas na semana passada, a poluição já afeta animais na costa. “Já aparecem gaivotas e outras aves marinhas mortas, por causa da contaminação neurológica”, afirmou. Segundo Ruschi, a mancha de lama provoca estragos em uma importante área, onde se reproduzem espécies como baleias, marlins, tubarões e tartarugas.
Qual é a situação no litoral do Espírito Santo?
Percorri a região e encontrei lugares onde a população está completamente desassistida e sem direção, pois não tem mais a pesca, não tem turistas, não tem nada. Até agora, foram cerca de 700 quilômetros quadrados atigindos no mar, mas essa extensão tende a se multiplicar. A área afetada vai se ampliar a cada movimentação das marés e do vento. Também vai se expandindo à medida que chegam mais rejeitos pelo Rio Doce. E a quantidade de material que ainda tem para descer é muito grande. A situação terá que ser monitorada por muito tempo.
Como está o trabalho de contenção dos danos?
A contaminação do mar por metais pesados pode gerar consequências sérias e perigosas, não somente para as plantas, peixes e animais, mas também para a saúde humana. Em decorrência desse desastre, poderão surgir muitas doenças no futuro. Mas, infelizmente, não estou vendo nenhum plano de contingência por parte dos órgãos responsáveis, que não têm competência técnica suficiente para atuar nas questões ambientais da forma como deveriam. Posso citar as secretarias estaduais de Meio Ambiente de Minas Gerais e do Espírito Santo, o DNPM (Departamento Nacional de Produção Mineral) e a Agência Nacional de Águas, que não conseguem exercer suas atribuições por falta de pessoal técnico e qualificado para decidir que medidas realmente devem ser tomadas. O Ministério Público tem muitas atribuições, mas também muitas limitações.
Como avalia a política de licenciamentos de mineradoras?
Defendo uma revisão geral dos licenciamentos às mineradoras. As empresas não têm planos de contingência (para o caso de acidentes).