Novas amostras de água e sedimentos coletadas no rio Doce pelo Serviço Geológico do Brasil (CPRM), entre os dias 14 e 18 de novembro de 2015, após o acidente ocorrido na barragem em Mariana (MG), apontam que não houve aumento na presença de metais pesados na água e nos sedimentos em relação aos dados de 2010, também coletados pela CPRM. Portanto, não há indicações, segundo o CPRM, de que a lama seja tóxica em relação a metais pesados.
O CPRM afirma que, do ponto de vista da qualidade, a água pode ser analisada sob duas perspectivas: a água bruta que se encontra nos corpos d’água, como rios e lagos; e a distribuída às populações pelas companhias de abastecimento após tratamento.
As análises da água bruta buscam identificar parâmetros físicos, como turbidez (detritos e lama, por exemplo) e parâmetros químicos, como a concentração de metais (alumínio, arsênio, cádmio, chumbo, cobre, cromo, ferro, manganês, mercúrio, zinco, entre outros).
A Resolução nº 357 do Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama) se refere à água bruta ainda nos corpos d’água e a Portaria 2.914 do Ministério da Saúde dispõe sobre padrões de potabilidade da água, ou seja, como a água deve sair das Estações de Tratamento para ser distribuída.
REJEITOS Também a Samarco divulgou, nesta quinta-feira, os resultados de análises que foram solicitadas pela empresa à SGSGeosol Laboratórios, especializada em análises ambientais e geoquímicas de solos. Segundo a Samarco, os resutlados atestam que o rejeito proveniente da barragem do Fundão não oferece perigo às pessoas.
As amostras foram coletadas no dia 8 de novembro próximo a Bento Rodrigues, Monsenhor Horta, Pedras, Barretos e Barra Longa, em Minas Gerais, e analisadas segundo a norma brasileira ABNT NBR 10004:2004. Os locais foram definidos para a coleta por serem os mais próximos ao acidente e, portanto, as amostras representam melhor o material que estava depositado na barragem.
Ainda segundo a Samarco, os testes simulam diversas situações, como manuseio do rejeito por qualquer pessoa sem cuidados especiais, exposição a chuvas por vários anos e contato com águas correntes, como enxurradas.
O material também foi analisado para medir seu índice de acidez, neutralidade ou alcalinidade (pH), sua corrosividade e a possibilidade de gerar reação violenta, como uma explosão. Além disso, foi verificada se há presença das seguintes substâncias: alumínio, arsênio, bário, cádmio, chumbo, cianeto, cloreto, cobre, cromo, ferro, fluoretos, manganês, mercúrio, nitrato, prata, selênio, sódio, sulfato, zinco, fenóis, coagulantes e floculantes.
Após as análises de todos esses parâmetros, o rejeito presente em Bento Rodrigues, Monsenhor Horta, Pedras, Barretos e Barra Longa foi classificado como não perigoso. Isto significa que o material analisado não apresenta periculosidade às pessoas e ao meio ambiente, tendo em vista que não disponibiliza contaminantes para a água, mesmo em condições de exposição a chuvas.
Os resultados também mostraram que o rejeito coletado em Bento Rodrigues possui ferro e manganês acima dos valores de referência da norma, mas ainda abaixo dos valores considerados perigosos.
Já nas amostras retiradas próximo a Monsenhor Horta, Pedras, Barretos e Barra Longa foi detectada a presença de manganês fora dos parâmetros, mas abaixo de valores perigosos.
Como na região de Mariana e Ouro Preto o solo é rico nestes dois elementos, estes resultados já eram esperados. É importante ressaltar que a norma ABNT 10004:2004 utiliza valores de referência com base na realidade de todo o Brasil, inclusive regiões de solos pobres em ferro e manganês.