Cerca de 100 pessoas participaram no início da tarde deste domingo, em Belo Horizonte, de uma marcha mundial pelo clima, que está mobilizando ontem e hoje mais de 1,5 mil cidades em mais de 40 países, em uma prévia da Conferência do Clima (Cop 21) das Nações Unidas, que começa nesta segunda-feira em Paris, na França. Com cartazes em favor da doação de água, dos ursos polares e de Salve a Amazônia, os manifestantes coordenados pelo Greenpeace, Partido Verde e Avaaz saíram em caminhada da Praça Sete, na região Central de BH, em direção à Praça da Liberdade. “Perdemos um rio inteiro em Mariana e não estou vendo uma faixa fazendo menção à tragédia”, protestou a psicanalista Mercedes Merry, com lágrimas nos olhos.
Para a psicanalista, os movimentos em defesa do meio ambiente estão muito dispersos no país. “O mínimo que se esperava é que o Greenpeace colocasse uma faixa gigante no Vale do Rio Doce ou organizasse uma caminhada de dois dias até Mariana”, sugeriu ela, que acabou fabricando a mão um cartaz contra a mineradora causadora da maior catástrofe ambiental já ocorrida no país, que provocou 11 mortes e 13 desaparecidos, com um derramamento de 25 mil piscinas olímpicas de lama no rio Doce, matando fauna e flora em função dos rejeitos de minério.
O solitário protesto de Merry dividiu a opinião dos outros participantes da caminhada, que repetiam as palavras de ordem como “proteção ao clima não conhece fronteiras” e “sem água para beber” ou “em defesa dos povos indígenas”. “Existe um movimento no mundo que está discutindo o aquecimento global. Não dá para falar de tudo, é preciso focar para ter resultado. Mariana está chamando a atenção porque é um caso agudo”, defende Alfredo Ramos de Oliveira, de 68 anos.
“Discordo. Mariana é um sintoma do mau uso dos recursos que provocou a morte de ecossistemas, agriculturas, pesca e pessoas”, comparou Lídia Maria de Andrade.
Rafaela Araújo, de 25, voluntária do Greenpeace há cinco, afirma que a organização está gravando um documentário independente no leito do Rio Doce desde os primeiros dias do desastre do rompimento da Barragem do Fundão. "Mas é preciso pressionar pelas questões climáticas na ocasião da Cop-21, previsto como o último encontro de representantes desta década. Não podemos desistir da luta, até porque este é o único planeta que temos", completa. .