Não bastasse toda a tragédia que se abateu sobre distritos e subdistritos de Mariana, na Região Central, os ex-moradores, especialmente os de Bento Rodrigues, sofrem mais um duro revés: o saque de suas casas agora em ruínas ou parcialmente cobertas pela lama de minério de ferro vazado da Barragem do Fundão, da mineradora Samarco. “Nem vendo nossa dor e tristeza, depois de perder tudo, estão tendo piedade da gente”, disse, ontem, o presidente da Associação Comunitário de Bento Rodrigues, José do Nascimento de Jesus, conhecido como Zezinho do Bento.
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O presidente da associação lembra que, na hora de fugir do tsunami de rejeitos de minério, na tarde de 5 de novembro, os moradores saíram apenas com a roupa do corpo. “Comerciantes deixaram o dinheiro para trás, até eu mesmo tinha um dinheirinho guardado em casa”, lamentou Zezinho, ressaltando que fazer a ocorrência policial se torna mais complicada agora, seja pela perda dos documentos pessoais ou para provar a propriedade dos bens.
Conforme mostrou ontem o EM, há muitos aparelhos eletrodomésticos semienterrados na lama, objetos de uso pessoal espalhados, roupas sujas de barro nos cômodos que um dia foram quartos e outros pertences. Com ordem das autoridades, moradores tentam encontrar, nas antigas moradias, algo que foi das famílias.
PELO MATO Quem pretende chegar a Bento Rodrigues, passando pelo distrito de Santa Rita Durão, vai encontrar um portão fechado, sendo o acesso restrito aos antigos moradores. “Os saqueadores entram pelo mato, fora da vigilância dos militares.”
Segundo o capitão Mendes, da PM de Mariana, a instituição não foi acionada por moradores a respeito de furtos em Bento Rodrigues e outras localidades. Ele explicou que, logo depois do rompimento da barragem, houve registro de um furto na comunidade de Paracatu, mas o suspeito não foi preso. “Estamos fazendo o patrulhamento em toda a região”, afirmou capitão Mendes..