Depoimentos de oito funcionários da Samarco, entre gerentes e analistas ouvidos pelo Ministério Público Estadual, reforçam a constatação de promotores de que houve falhas da empresa na hora de planejar e de colocar em prática o plano emergencial para minimizar os impactos do desastre de Mariana. A informação é do promotor Mauro Ellovitch, um dos integrantes da força-tarefa criada pelo MP mineiro para investigar causas e desdobramentos da tragédia.
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A proposta incluía até treinamento da população para evacuação de possíveis locais atingidos por um rompimento de barragem, além de apontar a necessidade de obra civil, especialmente com relação aos diques das represas. Segundo Randal Fonseca, a negativa da mineradora em adotar o plano na época foi explicada pela crise econômica. Outro plano, menos completo, entrou no lugar.
Em abril do ano passado, a Samarco apresentou à Superintendência Regional do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Região Central Metropolitana, vinculada à Secretaria de Estado de Meio Ambiente, um plano de contingência para caso de risco ou acidentes, especialmente com relação à comunidade de Bento Rodrigues. O documento, para autoridades ouvidas na semana passada pelo Estado de Minas, não surtiu efeito prático, sendo “muito diferente do plano de emergência elaborado em 2009, que era mais completo”.
A Samarco informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que o plano de contingência aprovado pelos órgãos competentes foi cumprido integralmente pela empresa, que prontamente mobilizou Defesa Civil, Corpo de Bombeiros e Prefeitura de Mariana. Em conjunto, esses órgãos estão realizando as ações de resgate e auxílio às vítimas do acidente..