Enquanto o surto de microcefalia se espalha pelo país, a doença já causa medo em Minas, em especial em mulheres grávidas. Ontem, a Secretaria de Estado da Saúde (SES-MG) informou que investiga pelo menos três casos da moléstia, notificada em recém-nascidos nas cidades de BH, Congonhas e Uberlândia, para analisar se há ou não relação da má formação congênita com o zika vírus, transmitido pelo mosquito Aedes aegypti, também responsável pela transmissão da dengue e febre chikungunya.
Outros dois casos de microcefalia, também da capital, já foram descartados. Em BH, especialistas em epidemiologia e a própria Secretaria Municipal de Saúde (SMSA) já classificaram o momento como “de alerta”, diante do avanço dos casos de microcefalia para estados que fazem divisa com Minas, a exemplo do Rio de Janeiro, Goiás e Bahia. Até o último dia 28, foram notificados 1.248 casos suspeitos da doença em 14 estados, segundo dados do Ministério da Saúde divulgados na segunda-feira. No total, não constam os três casos de Minas. Ontem, o governo de Sergipe decretou situação de emergência devido à suspeita de um surto da doença – há 78 casos sendo investigados no estado.
Apesar de não ser um evento novo, a doença que provoca malformação congênita e faz com que os bebês nasçam com perímetro cefálico menor que o normal – que habitualmente é superior a 33cm – pode ser resultado também de infecção por agentes biológicos, como bactérias e vírus. A relação da doença com o zika vírus já foi confirmada pelo Ministério da Saúde. O zika ainda tem relação uma síndrome grave, a de Guillain Barré, que causa paralisia e pode comprometer o sistema respiratório. Por causa do avanço da enfermidade, o Ministério da Saúde estabeleceu, desde o dia 11, que a doença deveria ser tratada como evento de emergência de saúde pública, tornando obrigatória a notificação no país.
Por aqui, autoridades em saúde já se mobilizaram para investigar a incidência de casos da doença relacionados ao vírus. De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, foram notificados em BH três casos de microcefalia. Dois foram de crianças nascidas no Hospital Sofia Feldman, filhas de pais residentes fora do município, e o terceiro de um bebê nascido na Santa Casa de Belo Horizonte, filho de pais da capital. Apesar de a SES ter informado que apenas um caso de BH permanece sob investigação, o órgão municipal garante ainda ter dois casos sob análise. Diante do alerta do Ministério da Saúde, a SMSA informou ter orientado maternidades a seguir protocolo de rotina para os casos de microcefalia, como exames para rubéola, toxoplasmose e citalomegalovírus, e ainda a enviar amostras de exames para sorologia para dengue e chikungunya e também para análise de infecção por zika vírus.
PREVENÇÃO O sinal de alerta que acendeu em Minas tem relação direta com a dificuldade de prevenir a doença. Assim como a dengue e a febre chikungunya, a prevenção está relacionada ao combate ao vetor, o mosquito Aedes aegypti. “Devemos estar com atenção máxima para termos um número mínimo do mosquito Aedes e, consequentemente, contermos a introdução do zika vírus, o que atualmente nos preocupa”, afirma a gerente de Vigilância em Saúde e Informação de BH, Maria Tereza Oliveira.
Segundo ela, as equipes de saúde das nove regionais da capital estão recebendo treinamento a respeito da doença. Assim como Maria Tereza, o superintendente de Vigilância Epidemiológica Ambiental e de Saúde do Trabalhador, Rodrigo Said, alerta para um problema: mais de 80% dos criadouros do mosquito estão nos domicílios. “A microcefalia ocorre em 3% dos lactantes. Mas é um evento importante, de magnitude, e, por isso, precisamos do apoio da população, tendo em vista que as ações de prevenção estão ligadas ao combate ao mosquito”, disse. Segundo ele, ainda não há circulação do vírus no estado.