Há poucos dias de completar um mês do pior desastre ambiental da história recente do país, diversos grupos se uniram numa rede de solidariedade que promete auxiliar na reestruturação tanto dos atingidos pelo rompimento da barragem em Mariana, quanto na recuperação do meio ambiente impactado pela onda de lama e rejeitos de minério que desceu pelo leito do Rio Doce. Pescadores esportivos, profissionais e amadores de Minas Gerais e do Espírito Santo, juntamente com biólogos e outros profissionais de engenharia criaram um projeto de financiamento coletivo com o objetivo de arrecadar recursos para repovoar a Bacia do Rio Doce com espécies de peixes que foram comprometidas pela tragédia.
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Repovoamento do Rio Doce deve começar depois das chuvas de verãoVale se manifesta 22 dias depois do desastre e anuncia fundo para revitalizar Rio DoceVale diz que 80% do Rio Doce está degradado e anuncia plano de recuperaçãoResultados de testes da água do Rio Doce fazem MP cobrar transparência Rejeitos de minério matam aves e toneladas de peixes no Rio DoceApós pressão do MP, Samarco se compromete a auxiliar pescadores do Espírito SantoAntes da catástrofe da barragem em Mariana, Samarco havia registrado quatro acidentesMoradores de Bento Rodrigues vão receber cartões de auxílio mensal com atrasoMunicípios às margens do Rio Doce ainda sofrem com a escassez e qualidade da águaSegundo Estanislau, a principal e mais difícil etapa do projeto é reproduzir as condições para promover a reprodução das espécies em laboratório, ou cativeiro. "Vamos trabalhar com os órgãos responsáveis, como o Ibama, e teremos o apoio de entidades, empresas e profissionais, que não cobrarão pelos serviços prestados", conta. "O programa fará uma parceria com a Fazenda Paraná, que faz este trabalho para a Bacia do São Francisco e contará com uma consultoria e três biólogos especialistas em ictiofauna que já trabalharam na bacia do Doce" completa.
O biólogo Pedro Guimarães, um dos profissionais envolvidos, diz que o tempo estimado de reprodução pode variar de 4 a 6 meses. "O processo envolve a captura de matrizes no rio. Essas matrizes são levadas pra estações de psicultura e na época reprodutiva, entre novembro e janeiro, elas são monitoradas quanto à maturação das gônadas pra realizar a fertilização artificial", detalha.
A plataforma ainda permanecerá aberta nos próximos 40 dias para a arrecadação. Quem quiser contribuir com o projeto pode acessar a página de crowdfunding nesse link.