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Estado de Minas

Assustadas com surto de microcefalia, grávidas cancelam viagens para o Nordeste

Em Minas, ao menos três casos são investigados para verificar se têm relação com o zika vírus


postado em 03/12/2015 06:00 / atualizado em 03/12/2015 07:53

Juliana Alves Rocha, contadora, grávida de sete meses. Ela cancelou uma viagem para Porto de Galinhas (PE):
Juliana Alves Rocha, contadora, grávida de sete meses. Ela cancelou uma viagem para Porto de Galinhas (PE): "Eu me sinto muito tranquila por não ter ido. Os médicos brincaram que era para eu amarrar os meus pés na cama e não ir para o Nordeste de jeito nenhum" (foto: Ramon Lisboa/EM/DA Press)

Grávidas de Belo Horizonte estão redobrando os cuidados para evitar a microcefalia, condição neurológica rara, caracterizada pela malformação do crânio do feto, que se desenvolve menos que o normal e pode trazer limitações ao seu desenvolvimento. A contadora Juliana Alves Rocha, de 37 anos, está no sétimo mês de gestação e cancelou uma viagem para Porto de Galinhas, em Pernambuco. O estado nordestino –, referência turística – é um dos que enfrentam o surto da doença, que pode estar relacionada ao zika vírus, transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, o mesmo da dengue e da chikungunya.

Até gestantes que não pretendem sair de Minas estão preocupadas. A dona de casa Lucélia Aparecida da Silva, de 32, e seu marido Claudeir Aparecido Costa, de 33, moradores de Luz, no Centro-Oeste do estado, pediram informações sobre a microcefalia aos profissionais de saúde na Maternidade Sofia Feldman, no Bairro Tupi, na capital, onde Lucélia fez ultrassom.

O combate ao Aedes é a forma mais eficaz de evitar a microcefalia. Dependendo do grau da doença, a criança pode apresentar deficiência mental, problemas de visão e auditivos, convulsões e dificuldades de locomoção. Tratamentos realizados desde os primeiros anos melhoram o desenvolvimento e a qualidade de vida.

Em Minas, a Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG) informou que investiga ao menos três casos de microcefalia em recém-nascidos de Belo Horizonte, Congonhas e Uberlândia para analisar se há ou não relação da malformação congênita com o zika vírus. Duas suspeitas, também na capital, já foram descartadas.

Segundo o Ministério da Saúde, dos 1.248 casos suspeitos de microcefalia registrados neste ano no país – os últimos dados disponíveis são de 30 de novembro e não incluem os três de Minas –  1.219 estão no Nordeste. Pernambuco bate o recorde, com 646 registros (veja mapa). Os números nacionais superam em larga margem os 147 do ano passado.

Juliana tinha planos de viajar quinta-feira da semana passada para Porto de Galinhas, mas desistiu. “Eu me sinto muito tranquila por não ter ido. Os médicos brincaram que era para eu amarrar os meus pés na cama e não ir para o Nordeste de jeito nenhum”, conta a gestante. Antes, ela fazia um exame de ultrassom por mês e agora faz dois para acompanhar o desenvolvimento do bebê.

Juliana conta que todo ano a família do seu marido, o empresário Raimundo de Paula Batista Júnior, de 36, se reúne para confraternização em alguma cidade do Nordeste. Em 2015, eles haviam escolhido a praia pernambucana. “Não ia conseguir ficar tranquila, com medo do Aedes aegypti. Tomei a decisão certa. A gente não pode brincar com esse tipo de doença”, disse. O marido aprova: “Tivemos uma perda pessoal e outra financeira, mas a saúde da minha família é muito mais importante”, declarou Raimundo.

O presidente da Sociedade Mineira de Infectologia, Estevão Urbano, disse que as gestantes devem evitar viagens para o Nordeste brasileiro, onde há grande circulação do zika vírus. Ele recomenda que pessoas usem repelentes, mas alerta que o mais importante para controlar a doença é evitar a exposição de água parada, onde o Aedes aegypti se reproduz.

“O governo permanece realizando todos os esforços para monitorar e investigar, de forma prioritária, o aumento do número de casos de microcefalia no país”, informou, em nota, o Ministério da Saúde. No país, sete mortes de crianças já foram registradas. Um recém-nascido do Ceará, com diagnóstico de microcefalia e outras malformações congênitas por meio de ultrassonografia, teve resultado positivo para zika vírus. Cinco no Rio Grande do Norte e um no Piauí estão em investigação para definir causa do óbito.

AEDES AEGYPTI Em Belo Horizonte, a larva do mosquito Aedes está presente em pelo menos um de cada 100 imóveis pesquisados, mostra o último Levantamento do Índice Rápido do Aedes aegypti (LIRAa), feito em outubro pela Secretaria Municipal de Saúde (SMSA). “Para 2016, os cuidados devem ser triplicados. Além da dengue, já estão em circulação no país os vírus da febre chikungunya e do zika vírus, também transmitidos pelo mosquito Aedes aegypti”, alertou a pasta. (Colaborou Valquíria Lopes)


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