Mariana – "Suzi tem 3 anos. O lugar dela é conosco. Vou levá-la para uma roça da família", disse o operador de máquinas Lourival Batista Pereira, de 49 anos, enquanto carrega no colo a cadelinha socorrida pela força-tarefa que resgata os animais que sobreviveram ao tsunami de lama da Samarco, em Mariana. Quase um mês depois da maior catástrofe ambiental do Brasil, cerca de 650 cães, gatos, cavalos, galinhas e outras espécies estão à espera dos donos numa área alugada pela mineradora na zona rural da cidade histórica.
Os bichos são bem tratados por voluntários e especialistas contratados pela empresa, mas muitos animais estão estressados. “Eles saíram da zona de conforto, o que gera esse estresse. É natural. Estão carentes, pois não estão com os donos”, conta o veterinário Bráulio Faria. Na tentativa de localizá-los, os socorristas estudam a possibilidade de elaborar catálogos com fotos e distribuí-los aos desalojados. Mas os voluntários reconhecem que a estratégia não é tão simples.
Afinal, muitas vítimas foram encaminhadas para quartos de hotéis e pousadas, onde a presença dos animais é proibida. Outras famílias foram transferidas para imóveis sem área externa ou com espaço insuficiente para a criação adequada dos bichos. É o caso de Michael Jackson do Carmo, de 19. Ele e a avó estão numa casa onde Serena, uma égua de 3 anos de idade, e Trovão, um potro de 6 meses, não têm lugar.
O jovem morava em Bento Rodrigues. “Lá havia pasto suficiente para os bichos”, recorda o rapaz, que, quase todos os dias, visita Serena e Trovão na baia montada pela Samarco. Michael não esconde a tristeza ao ver a nova realidade dos equinos: “Sei que eles são bem tratados, mas eram criados num pasto. Era um lugar espaçoso. Veja as tetas da égua. Estão com pouca quantidade de leite para alimentar a cria. Se a Serena estivesse no pasto, estaria com as tetas cheias”.
Esse não é o único lamento do jovem. Michael tinha uma égua, a Vozinha, que foi levada pela correnteza de rejeitos de minério. “No dia do desastre, ela estava cansada, pois eu havia feito uma longa cavalgada com ela. O animal estava sem força para lutar contra a lama”, conta. A catástrofe também o separou de Jack, seu cão de estimação. O jovem, contudo, não perde a esperança em encontrá-lo com vida.
ENCONTROS Quem teve essa sorte foi Lourival, o dono de Suzy. Ontem, ao levá-la para a roça da família, ele se deparou com uma cadelinha conhecida: “É do meu cunhado. E teve crias. Vou avisá-lo para vir buscá-la”. Dos 650 animais levados para o lugar, 178 são cães adultos e 23, filhotes. Um dos pequenos é chamado por voluntários de Machinho. Marina Bedeschi Dutra, da Associação Ouro-pretana de Proteção Animal (AOPA), ajuda a alimentá-lo. “Sou engenheira civil e professora universitária. E dedico algumas horas do dia para tratar dos animais resgatados”, conta a moça.
“O trabalho de resgate e atendimento aos animais está sendo feito em parceria com ONGs e empresas terceirizadas. Estamos providenciando toda a logística necessária para dar suporte à transferência e resgate dos animais”, explica Carolina Pheysey, analista de meio ambiente da Samarco.
Os bichos são bem tratados por voluntários e especialistas contratados pela empresa, mas muitos animais estão estressados. “Eles saíram da zona de conforto, o que gera esse estresse. É natural. Estão carentes, pois não estão com os donos”, conta o veterinário Bráulio Faria. Na tentativa de localizá-los, os socorristas estudam a possibilidade de elaborar catálogos com fotos e distribuí-los aos desalojados. Mas os voluntários reconhecem que a estratégia não é tão simples.
Afinal, muitas vítimas foram encaminhadas para quartos de hotéis e pousadas, onde a presença dos animais é proibida. Outras famílias foram transferidas para imóveis sem área externa ou com espaço insuficiente para a criação adequada dos bichos. É o caso de Michael Jackson do Carmo, de 19. Ele e a avó estão numa casa onde Serena, uma égua de 3 anos de idade, e Trovão, um potro de 6 meses, não têm lugar.
O jovem morava em Bento Rodrigues. “Lá havia pasto suficiente para os bichos”, recorda o rapaz, que, quase todos os dias, visita Serena e Trovão na baia montada pela Samarco. Michael não esconde a tristeza ao ver a nova realidade dos equinos: “Sei que eles são bem tratados, mas eram criados num pasto. Era um lugar espaçoso. Veja as tetas da égua. Estão com pouca quantidade de leite para alimentar a cria. Se a Serena estivesse no pasto, estaria com as tetas cheias”.
Esse não é o único lamento do jovem. Michael tinha uma égua, a Vozinha, que foi levada pela correnteza de rejeitos de minério. “No dia do desastre, ela estava cansada, pois eu havia feito uma longa cavalgada com ela. O animal estava sem força para lutar contra a lama”, conta. A catástrofe também o separou de Jack, seu cão de estimação. O jovem, contudo, não perde a esperança em encontrá-lo com vida.
ENCONTROS Quem teve essa sorte foi Lourival, o dono de Suzy. Ontem, ao levá-la para a roça da família, ele se deparou com uma cadelinha conhecida: “É do meu cunhado. E teve crias. Vou avisá-lo para vir buscá-la”. Dos 650 animais levados para o lugar, 178 são cães adultos e 23, filhotes. Um dos pequenos é chamado por voluntários de Machinho. Marina Bedeschi Dutra, da Associação Ouro-pretana de Proteção Animal (AOPA), ajuda a alimentá-lo. “Sou engenheira civil e professora universitária. E dedico algumas horas do dia para tratar dos animais resgatados”, conta a moça.
“O trabalho de resgate e atendimento aos animais está sendo feito em parceria com ONGs e empresas terceirizadas. Estamos providenciando toda a logística necessária para dar suporte à transferência e resgate dos animais”, explica Carolina Pheysey, analista de meio ambiente da Samarco.