Uma longa missão de recuperação, de alto custo, com ações que vão exigir sucessivos anos de comprometimento, público e privado. Essa foi uma das poucas certezas que ficaram depois das 16h20 de 5 de novembro, quando a Barragem do Fundão estourou, em Mariana, na Região Central de Minas. De lá até a foz do Rio Doce, no Espírito Santo, a enxurrada de 55 milhões de metros cúbicos de rejeitos de minério fez vítimas, causou prejuízos em escala ainda não estimada e deixou um imenso rastro de devastação. Passado um mês da tragédia, autoridades trabalham para cobrar da Samarco, proprietária da barragem, e de suas controladoras, as gigantes Vale e a anglo-australiana BHP, reparação dos estragos. Com a catástrofe ambiental ainda se expandindo, encontrar uma solução humanitária para as mais de 700 pessoas atingidas – muitas delas ainda vivendo em hotéis – é a medida mais urgente. A médio prazo, o desafio é evitar ainda mais devastação no Rio Doce. Mas chegar perto da recuperação de toda a bacia hidrográfica é tarefa bilionária, para pelo menos uma década.
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O início do desafio ambiental, segundo a presidente do Ibama, Marilene Ramos, é conter o resíduo de rejeitos que ficou na área da barragem estourada, além de reduzir o volume que sobrecarrega o reservatório de Santarém. A estrutura, também da Samarco, foi afetada pela lama no dia do rompimento. “O objetivo é evitar novos carreamentos, principalmente porque estamos em pleno período de chuva”, afirma. Segundo ela, a empresa se comprometeu a construir diques drenantes, em 90 dias, para essa finalidade.
O custo de R$ 20 bilhões para a recuperação da Bacia do Rio Doce foi estimado em ação civil pública ajuizada pela Advocacia-Geral da União (AGU), em conjunto com os estados de Minas Gerais e Espírito Santo. Segundo a presidente do Ibama, a restauração dos processos ecológicos, como crescimento de vegetação até a idade adulta e repovoamento da fauna, pode exigir 10 anos, “embora não seja possível prever quando o meio ambiente vai resgatar sua condição de normalidade.”