A mineradora Vale deve responder pelo rompimento da Barragem do Fundão junto com a Samarco, responsável direta pelo reservatório e controlada pela gigante brasileira da mineração, em conjunto com a anglo-australiana BHP Billiton. Esse é o entendimento do Ministério Público Federal (MPF), diante de indícios que apontam aumento da deposição de rejeitos de minério da Vale no reservatório rompido. A empresa mantém a posição de que depositava apenas 5% do volume recebido na represa.
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O relatório, divulgado inicialmente na última sexta-feira por uma emissora de televisão, mostra que nos últimos três anos fechados (2012 a 2014) o percentual de rejeitos líquidos da Vale passou de 11,8% em 2012 para 28% em 2014 em Fundão. Já com relação aos rejeitos sólidos, em 2012 o percentual da Vale ficou em 24%. No ano seguinte caiu para 21% e em 2014 chegou a 36%.
O que mais preocupa o MPF é que, por mais que em reuniões com os advogados da Vale a empresa mantenha um discurso que está à disposição, o consultor-geral da maior mineradora do Brasil, Clovis Torres, vem afirmando sistematicamente que a Vale não tem responsabilidade pelo acidente, mas sim a Samarco. "Se ela jogasse apenas 1% do rejeito, já estaria vinculada na responsabilização", afirma o procurador da República.
O prefeito de Mariana, Duarte Júnior, demonstrou preocupação com a indefinição. "Não sabemos se esse rejeito era compatível com a forma como a barragem foi feita. Se pode ter prejudicado a estrutura da barragem.
Amanhã, a força-tarefa montada pelo MPF vai ouvir o secretário de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Minas Gerais, Sávio Souza Cruz. Na quinta-feira, a presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Marilene Ramos, também será ouvida em Belo Horizonte.
Procurada pelo Estado de Minas, a Vale diz que a quantidade de rejeitos indicada no documento do DNPM leva em consideração não só a Barragem do Fundão como destino, mas também a Barragem de Campo Grande. Esta última recebe 85% do volume apresentado no documento do DNPM, segundo a Vale. Os 15% restantes significam cerca de 5% "do volume total depositado na barragem do Fundão nos últimos anos", segundo nota da empresa.
Sobre o contrato que garantia a deposição dos rejeitos em Fundão, a Vale afirmou que a Samarco era a responsável pela gestão, controle e operação da atividade. A Vale comprou a Samitre em 2000 e "o contrato prevê que o prazo de validade do acordo entre as empresas é indeterminado, portanto vigente", completa..