Jornal Estado de Minas

ONU cobra que população afetada por tragédia em Mariana tenha acesso a água segura


Trinta e três dias depois do estouro da barragem de rejeitos de minério da Samarco, em Mariana, a Organização das Nações Unidas (ONU) voltou a criticar as autoridades brasileiras. Há pouco, o relator especial da entidade para o direito humano à água segura e ao saneamento básico, Léo Heller, cobrou do poder público medidas para que a população afetada pela contaminação dos rios tenha acesso à água segura e ao saneamento.

"Mais de um mês após o evento, milhares de pessoas dos estados de Minas Gerais e do Espírito Santo ainda sofrem com interrupções no abastecimento de água. (…) Relembro ao governo brasileiro que a lei internacional dos direitos humanos estabelece que o Estado tem a obrigação de intervir em situações como esta, proporcionando acesso à água segura e suficiente, bem como a alternativas para o saneamento básico”, alertou o relator especial das Nações Unidas para o direito humano à água segura e ao saneamento básico.

O especialista recorreu ao chamado princípio da precaução para que o governo brasileiro adote medidas preventivas que beneficiem as vítimas. “O governo deve fortalecer o monitoramento da água bruta e tratada, aperfeiçoar o tratamento de água e divulgar informação clara à população para proteger assim seus direitos humanos à água segura e ao saneamento”, concluiu Heller.

Ele acrescentou que relatos mostram que moradores das cidades cortadas pelo Rio Doce, o maior curso d'água exclusivamente do Sudeste, com 853 quilômetros de extensão, enfrentam longas filas para conseguir água potável em postos de distribuição.

Uma dessas cidades é Galileia, no Leste de Minas, onde houve um surto de diarreia depois que o abastecimento foi suspenso e a população passou a consumir água retirada de minas, de outros cursos d'água e distribuída pela Samarco.

“Como medida de emergência, as autoridades públicas vêm distribuindo água em alguns pontos, e as empresas de mineração têm levado água engarrafada às áreas afetadas. No entanto, várias pessoas continuam expressando sua insatisfação com a distribuição de água, julgada insuficiente e desorganizada”, Léo Heller.

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