Arqueólogos recuperam mais quatro peças sacras da antiga Capela de São Bento, destruída pela lama da barragem de resíduos de minério que se rompeu em 5 de novembro no distrito de Bento Rodrigues, em Mariana, Região Central de Minas. Já são oito peças recuperadas na área encoberta pela lama. A Capela de São Bento teve sua construção iniciada em 1718.
Três fragmentos de altar e uma escultura de madeira sem cabeça, aparentando ser São Benedito, foram localizados na Usina Hidrelétrica Risoleta Neves, que fica a 120 quilômetros de Bento Rodrigues. Segundo o coordenador da Promotoria Estadual de Defesa do Patrimônio Cultural e Turístico de Minas Gerais, promotor de Justiça Marcos Paulo de Souza Miranda, o carreamento dos bens por mais de 120 quilômetros rio abaixo causa perplexidade e exigirá a ampliação da área de atuação dos arqueólogos.
A equipe de arqueólogos foi contratada depois de um compromisso firmado em 30 de novembro entre o Ministério Público Estadual (MPE) e a Mineradora Samarco, dona da barragem que se rompeu. A empresa se comprometeu a estabelecer medidas para mitigar os danos causados ao patrimônio cultural da região.
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Segundo o promotor, foi feito um registro detalhado do que havia no interior da capela. “Vamos exigir da Samarco a busca, a restauração e a devolução de todo o acervo. Isso deve ser de interesse da própria empresa, pois o que não for encontrado será objeto de cobrança, pelo MPMG, de indenização por danos materiais e morais coletivos”, afirmou o representante do Ministério Público.
As ruínas da Capela de São Bento, a Capela de Nossa Senhora das Mercês e a Igreja de Santo Antônio de Paracatu de Baixo já estão cercadas pela Samarco com tapumes, conforme determina o termo de compromissão assinado.