Depois de o tsunami de lama de uma de suas barragens em Mariana provocar o maior desastre socioambiental da história do país, a Samarco vê uma avalanche de ações Judiciais bater às suas portas, com cobranças que totalizam mais de R$ 50 bilhões para reparar danos ao meio ambiente e à população afetada. Os departamentos jurídicos da mineradora responsável pelo desastre que matou 15 pessoas e deixou outras quatro desaparecidas, e de suas controladoras, a Vale e a BHP Billiton, enfrentam pelo menos 18 ações, segundo levantamento feito pelo Estado de Minas em tribunais de todo o país. Os processos pedem ressarcimentos ou providências para a revitalização ambiental na região de Mariana e também ao longo dos rios Gualaxo do Norte, do Carmo e Doce, do local da tragédia até o mar, no Espírito Santo. Os questionamentos judiciais aparecem em Minas Gerais, Espírito Santo, Distrito Federal, Rio de Janeiro e também fora do Brasil.
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Na Justiça Federal de Minas Gerais consta ainda pedido de origem popular para barrar o licenciamento ambiental da operação da Samarco em Mariana. A Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) se antecipou e já embargou as operações, sem previsão de retomada das atividades. Fecham o pacote das ações no âmbito da Justiça Federal outros cinco processos que tramitam no Espírito Santo. São assinados por órgãos como o Ministério Público Federal (MPF) e o Ministério Público do Espírito Santo e se destinam a ações rápidas de garantia da qualidade da água consumida pela população de Baixo Guandu, Colatina e Linhares, devido à poluição no Rio Doce, assim como à preservação da fauna ao longo do manancial no estado capixaba.
E os processos não se limitam ao Judiciário brasileiro. Uma firma norte-americana de advocacia entrou com ação coletiva contra a Vale na Justiça de Nova York, nos Estados Unidos.
A Vale informou que está avaliando o processo impetrado pela AGU em Brasília, que cobra R$ 20 bilhões das três companhias. Sobre a ação nos Estados Unidos, a empresa diz que neste momento não tem como se posicionar e que vai fazer isso de forma apropriada nos tribunais. Já com relação ao processo da Sohumana, a Vale garante que vai assegurar seu direito de defesa e manterá o mercado informado caso haja qualquer situação que afete o seu desempenho. A Samarco foi procurada e não se manifestou. A reportagem não conseguiu contato com a BHP Billiton.
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