Belo Horizonte teve uma quarta-feira violenta, com dois empresários assassinados a tiros em assaltos no período de duas horas. No fim da tarde, Antônio Cássio Almeida Tofani, de 35 anos, foi morto quando chegava em sua casa lotérica, no Bairro Providência, Norte da capital. Ladrões levaram um malote com R$ 16 mil, segundo informações da Polícia Militar. No Cidade Nova, Nordeste, a microempresária Luciene Soares de Souza, de 45, não atendeu o pedido dos bandidos para entregar sua bolsa e foi baleada no tórax. Os criminosos fugiram sem levar os R$ 3.720 que ela havia sacado momentos antes numa agência bancária.
De acordo com testemunhas, Antônio Cássio chegava a sua loja, a Lotérica Santo Antônio, na Rua Américo Martins da Costa, no Providência, quando foi abordado por dois homens. “Ele estacionou a BMW na esquina (ruas Madre dos Santos e Engenheiro Navarro), a um quarteirão da loja. Foi quando surgiram os dois homens e ele entrou em luta corporal com um deles. O outro atirou, o Cássio caiu e o bandido com quem lutava deu mais dois tiros nele, de forma covarde”, contou um vizinho da lotérica.
Os criminosos pegaram um malote e uma arma do empresário e fugiram num VW Gol de cor preta. Um terceiro homem, em uma motocicleta XRL, de cor vermelha, foi visto próximo e é suspeito de ter dado cobertura aos assassinos. Tudo indica que os bandidos planejaram o assalto, já que foram vistos rondando a área, aguardando a chegada de Antônio Cássio. Amigos o socorreram na UPA 1º de Maio, consciente, mas ele não resistiu e morreu na unidade de pronto atendimento.
Um conhecido do empresário estranhou que ele estivesse carregando um malote com dinheiro, já que uma empresa de valores fazia a coleta na lotérica. “Ele estava chegando, vindo de sua outra lotérica no São Bernardo (Região da Pampulha) ou da loja de acessórios de telefone no Centro. Ele não costumava parar na esquina, a não ser quando a rua estava cheia de carros. O Cássio não mantinha uma rotina de horários e pode ser que alguém tenha dado a dica de que ele vinha com dinheiro para a lotérica”.
Amigos do empresário lamentaram sua morte. “Era uma pessoa batalhadora. Depois de anos trabalhando nos Estados Unidos, voltou para o Brasil e iniciou seus empreendimentos, com duas lotéricas e a loja de acessórios de celular. Tinha paixão por carros e há duas semanas comprou a BMW que era seu sonho de consumo. Tinha a lotérica Santo Antônio havia nove anos e recentemente recebeu uma boa proposta para vendê-la, mas recusou. Morreu jovem, deixando uma menina de cinco anos e um menino de quase dois, além de vários amigos”, lamentou um comerciante conhecido da família.
De acordo com a Polícia Militar, bandidos já haviam atacado a lotérica, estourando as portas da área blindada com uma marreta, durante o dia. Logo depois do assassinato, foi montada uma operação na área do 13º Batalhão da PM para tentar localizar os criminosos. Militares do Serviço de Inteligência trabalhavam com a possibilidade de identificar os bandidos por meio de imagens de câmeras de segurança. Uma equipe da Polícia Civil também realizava levantamentos na área ontem à noite.
CIDADE NOVA Imagens de câmeras de circuito de segurança também podem ajudar a Polícia Civil a identificar os dois homens que na tarde de ontem mataram com um tiro a microempresária Luciene Soares de Souza, de 45 anos, no Cidade Nova. Segundo o boletim de ocorrência da Polícia Militar, entregue na 3ª Delegacia de Polícia Leste, a mulher foi abordada por dois bandidos e baleada ao se recusar a entregar a bolsa. No banco e prédios vizinhos há câmeras que registraram imagens dos bandidos.
Testemunhas contam que os homens estavam em uma motocicleta quando abordaram Luciene, na Rua Júlio Pereira da Silva, em frente ao número 155. A mulher tinha acabado de sacar o dinheiro na agência da Caixa Econômica Federal, a 50 metros de onde foi morta, baleada no lado esquerdo do tórax. Os criminosos tinham fugido sem nada levar, mas como houve tentativa de assalto, o caso será tratado como crime de latrocínio (matar para roubar) e não homicídio. O marido da vítima, O.F.S., de 56, confirmou que ela sacou o dinheiro para fazer pagamento de funcionários. Ele conferiu a bolsa da mulher e encontrou o dinheiro e os pertences dela.