Jornal Estado de Minas

Rearranjo na área de urgência e emergência da saúde em BH começa com desafios

Com a UPA lotada, Diego dos Santos teve que ficar no chão até a consulta - Foto: Jair Amaral/EM/DA Press
Enquanto a área de urgência e emergência de Belo Horizonte passa por um rearranjo, num esforço da administração municipal para ampliar o atendimento dessa modalidade a pacientes da capital, o maior hospital público construído no Vetor Sul da cidade abre suas portas amanhã para somar na oferta do serviço de pronto-atendimento. Ontem, foram inauguradas a nova sede da Upa Leste (que funcionava no Bairro Esplanada e dobrou a capacidade de atendimento em novo prédio no bairro vizinho Vera Cruz), além da Upa Odilon, que funciona anexa ao Hospital Odilon Behrens e vai assumir toda a demanda de urgência da unidade hospitalar. Amanhã é a vez do tão esperado Hospital Metropolitano do Barreiro começar a funcionar, depois de um ano de atraso na entrega da obra. De acordo com o secretário municipal de Saúde, Fabiano Pimenta, com as três novas unidades, Belo Horizonte terá um salto no atendimento de urgência e emergência, passando de 560 mil atendimentos/ano para 600 mil no mesmo período. A elevação no entanto, ainda é questionada por pacientes e especialistas, que defendem ampliação e capacitação do quadro de profissionais, além de reforço no serviço eletivo dos centros de saúde.

Além da inauguração das Upas ontem, o que marca o início da concretização desse novo modelo de serviço de urgência, outras duas unidades de pronto-atendimento estão previstas para ficarem prontas até o ano que vem (Upa Norte, na Via 240, e Noroeste, no Bairro Califórnia) e mais duas devem ter suas sedes reconstruídas – Pampulha e Nordeste. Nas unidades inauguradas ontem, o investimento foi de R$ 22,5 milhões. “Com essas novas unidades, o atendimento será ampliado e ficará será mais confortável tanto para profissionais quanto para usuários”, disse o secretário. Cada uma das novas unidades tem capacidade de atender 400 pessoas por dia.

Mas ontem, durante a inauguração oficial, o clima já foi tenso na Upa Odilon.
Visivelmente cheia de pacientes à espera de atendimento na recepção, a unidade foi alvo de críticas. “Não sabia da mudança e vim com minha filha buscar atendimento no Odilon, que sempre nos atendeu bem. Mas fomos encaminhadas para cá e estamos decepcionadas. Uma unidade nova, mas que já começa a funcionar desrespeitando o paciente”, queixou Márcia Guimarães, de 48 anos, depois de quase três horas à espera de atendimento para a filha Daniela Caroline, de 18. Em completo estado de prostração e deitado na porta da Upa Odilon, o técnico de informática Diego Aquino dos Santos, de 28 anos, também reclamou da espera. “Não estou aguentando mais. Tive que deitar.
Estou esperando  há mais de três horas”, disse o homem que tinha sintomas de dengue.

Na avaliação do presidente da Associação Brasileira de Medicina de Urgência e Emergência em Minas Gerais (Abramurgem), Oswaldo Fortini, problemas dessa natureza ocorrem por pelo menos dois motivos: abandono dos serviços básicos por parte dos usuários, devido à demora e falta de estrutura do atendimento eletivo, além de baixo investimento em material humano na urgência e emergência. “Iniciativas para ampliar a infraestrutura são louváveis, mas toda a rede precisa ser reestruturada para melhoria do sistema público de saúde”, afirmou.

Especialistas Segundo Fabiano Pimenta, as novas Upas contam com profissionais com especialização em atendimento de alto risco e depois de muitas críticas e protestos de funcionários do Odilon Behrens, o secretário reafirmou ontem o compromisso da Prefeitura de BH de ampliar as equipes de médicos, enfermeiros e de retaguarda, para garantir segurança ao trabalho dos profissionais e qualidade na prestação do serviço. Mas, de acordo com o secretário, se a classificação de risco do médico do Serviço Móvel de Atendimento de Urgência apontar necessidade de atendimento hospitalar, o paciente será encaminhado imediatamente para o Hospital João XXIII. Apesar disso, ele lembrou que 96% dos casos encaminhados para as Upas são resolvidos deles dentro desse estabelecimento de saúde. O secretário frisou ainda que a transferência do serviço de urgência do Odilon para a Upa anexa permitirá a implantação de 20 leitos de unidade de terapia intensiva (UTI) no prazo de um ano. Para o Hospital do Barreiro, que começa a operação com apenas 69 leitos, cerca de 15% do total de 469 leitos, a expectativa do secretário é ampliar para 200 unidades de acolhimento já a partir de janeiro.

VAGAS


469
é o total de leitos do Hospital Metropolitano do Barreiro; a operação começa amanhã, no entanto, com apenas 69 leitos, o que representa 15% do total


40 mil

será o aumento na oferta de atendimentos/ano na urgência e emergência de BH com a inauguração das UPAs Leste e Odilon Behrens e do Hospital do Barreiro; a oferta vai saltar de 560 mil para 600 mil/ano

R$ 22,5 milhões

foi o valor investido para construção das Upas Leste e Odilon Behrens, inauguradas ontem

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