No dia do rompimento da Barragem do Fundão, em Mariana, na Região Central de Minas, 5 de novembro, a empresa Samarco realizava obras para alteamento e unificação das barragens de Germano e do Fundão, com o objetivo de ampliar a capacidade de armazenamento de rejeitos da atividade mineratória. A informação consta de documento da Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Semad). De acordo com a documentação, o órgão deferiu, em julho de 2015, pelo prazo de seis anos, pedido de Licença Prévia e de Instalação para as duas intervenções, o que elevaria a cota das duas estruturas de 920m até 940m (em relação ao nível do oceano) e uniria os dois reservatórios. Segundo a licença, estava previsto aumento de 25% da área diretamente afetada, o que representa 201,51 hectares (ha) da área total, que ao final somaria 831,29 hectares. Os demais 75% (629,78 ha) se sobrepõem às áreas já licenciadas nos processos das barragens, individualmente.
O auto de licenciamento traz ainda a informação de que todos os documentos estavam em conformidade com o exigido. E que a análise técnica havia sido conclusiva para concessão das licenças. Ontem, por meio de nota, a Semad informou que é de responsabilidade da Samarco encaminhar relatórios ao órgão estadual sobre a realização das obras, o que estava sendo feito. “A fiscalização da segurança de barragens caberá à entidade outorgante de direitos minerários para fins de disposição final ou temporária de rejeitos”, informou a Semad, referindo-se ao Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM).
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Condições precárias de atingidos em Mariana impressionam inspetores da ONUDevastação no Rio Doce já castigado por poluição impressiona Visão do Rio Doce tomado pela lama choca passageiros do trem da Vale entre BH e Vitória Tragédia de Mariana reacende memória do estouro da represa da PampulhaApesar do documento ser claro sobre o pedido de licenciamento para unificação das estruturas, a Samarco não confirma esse fato. Por meio de nota, informou apenas que havia iniciado as obras necessárias para viabilizar o alteamento futuro das barragens de Germano e Fundão. As obras em execução no momento do acidente com a Barragem Fundão permitiriam, segundo a empresa, o alteamento da crista do barramento de 920 para 940 metros.
As intervenções incluem ainda um novo extravasor, drenagem interna, sistema de adução de rejeitos, e relocação de interferências, a exemplo de bueiros, entre outros. O prazo inicial para execução dessa obra era de dois anos, com previsão para conclusão em junho de 2017, diz a nota, acrescentando que, a partir de 2018, era previsto o início da operação do alteamento da elevação 920 para 940m.
A licença prévia e de instalação, concomitantemente, do Projeto de Alteamento das Barragens foi aprovada, por unanimidade, no último dia 30 de junho, pelo Conselho Estadual de Política Ambiental (COPAM), segundo a Samarco. Isso permitiu, de acordo com a mineradora, o início da implantação do empreendimento. “Para o processo de licenciamento, a Samarco apresentou aos órgãos responsáveis o Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de impacto Ambiental, o Plano de Controle Ambiental e o Plano de Utilização Pretendida”, informou a nota.
RIO DOCE Numa tentativa de dar início aos projetos de recuperação do Rio Doce e das cidades afetadas pelo desastre, representantes dos governos estaduais de Minas Gerais e do Espírito Santo e prefeitos dos municípios capixabas impactados pelo rompimento da barragem de Fundão se reuniram anteontem, em Vitória. O encontro teve o objetivo de alinhar estratégias técnicas e jurídicas e articular novas ações de cooperação entre os dois estados, que assegurem a recuperação dos danos ambientais, sociais e humanos causados pelo rompimento da barragem.
“Estamos fazendo, em parceria com os municípios mineiros, o levantamento dos danos sofridos em decorrência do rompimento da barragem, que vão nos ajudar a traçar as estratégias de ação a curto, médio e longo prazo, além de compor e fortalecer a ação civil pública impetrada em conjunto pela União, Minas e Espírito Santo contra a Samarco”, afirmou o coordenador da força-tarefa criada em Minas para avaliação dos efeitos e desdobramentos do rompimento da barragem, o secretário de Desenvolvimento Regional, Política Urbana e Gestão Metropolitana (Sedru), Tadeu Martins Leite..