Pará de Minas – Para se livrar do Aedes aegypti, mosquito transmissor da dengue, da febre chikungunya e do zika vírus, Pará de Minas poderá multar os donos dos imóveis onde houver reincidência de focos do inseto. É que o município, com 85 mil habitantes e a 70 quilômetros de Belo Horizonte, lidera o ranking de cidades do Sudeste com maior índice de infestação do mosquito (6,9%). Isso significa que a cada 100 imóveis, 6,9 têm criatórios do inseto, o que configura situação de risco de surto das três doenças.
A proposta, elaborada pelo Conselho Municipal de Saúde, será transformada em projeto de lei e encaminhada à apreciação da Câmara Municipal. Por enquanto, não foi definido o valor da multa. “Mais de 50% dos focos estão em locais reincidentes”, disse o secretário de Saúde e integrante do conselho, Cléber Faria.
Além disso, a administração municipal põe em funcionamento, esta semana, um serviço telefônico 0800 para que os moradores denunciem imóveis onde existam focos do Aedes aegypti. E caso alguém impeça a entrada dos agentes de saúde para erradicar os criatórios do mosquito, o Ministério Público será acionado para assegurar o combate ao vetor da dengue, da chikungunya e do zika vírus.
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A principal causa da grande incidência de focos do mosquito no município é o problema de abastecimento de água que a população enfrentou no ano passado e no primeiro semestre de 2015.
Houve redução, mas, mesmo com a normalização do abastecimento de água, grande número de pessoas, com medo de faltar água, mantém tambores, máquinas de lavar e outros recipientes como reservatórios. A situação favorece a proliferação do inseto. A prefeitura estima que há 40 mil caixas d’água em solo, como são chamados os reservatórios excedentes. “Não adianta só tampá-las. Tem de tratar tudo. Houve quem reservasse água até em liquidificador”, contou o secretário.
Ao todo, 60 agentes percorrem a cidade para combater o mosquito.
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Limpeza ainda é o melhor jeito de evitar o mosquito da dengue, zika e outras doençasEm meio à preocupação com o zika, BH tem média de 45 casos de dengue por dia em 2015Minas Gerais investiga 28 casos de microcefalia associada ao zika vírusEspecialistas cobram medidas contra o zika vírus em Minas GeraisBH começa pente-fino para enfrentar o Aedes aegypti em bairros com risco de infestação Minas Gerais recebe 2,2 toneladas de larvicida para combater o 'Aedes aegypti'Dona Solange Conceição de Oliveira, de 37, também mora no Residencial Capanema. Na casa dela, toda precaução é pouca. “Misericórdia dessas doenças transmitidas pelo mosquito.” Mas nem todos na região pensam como as duas vizinhas. Copos descartáveis, tampinhas de garrafa e outros objetos que possam acumular água servem como criatórios do Aedes e são encontrados facilmente.
ESPERANÇA A Secretaria Municipal de Saúde avalia que o índice de 6,9% pode despencar para menos de 1%, o que faria com que a cidade afastasse o risco de um surto de dengue. Para o secretário, à medida que as pessoas entenderem que o desabastecimento de água foi resolvido, as famílias deixarão de improvisar reservatórios para armazenar o líquido.
“Se for resolvido o problema dos reservatórios em casa, nosso índice pode cair para 0,6%, o que é aceitável”, acredita Faria, acrescentando que outro ponto importante para reduzir o índice é a dedicação dos moradores.
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Critérios o LIRAa
De acordo com os critérios do governo federal, municípios com índice de infestação abaixo 1% estão em condições satisfatórias. De 1% a 3,9%, configura estado de alerta. Já nas cidades com índice igual ou acima de 4%, há risco de surto das três moléstias. Pará de Minas registrou 213 casos de dengue entre janeiro e novembro de 2015. A boa notícia é que não há
casos de zika vírus.
Enquanto isso...WhatsApp contra o mosquito
Moradores de Rio Manso, a 60 quilômetros da capital mineira, criaram um grupo no WhatsApp para auxiliar na destruição de focos do Aedes aegypti. A mobilização ganhou a adesão de mais de 80 habitantes da cidade, na Região Central do estado. Eles usam o aplicativo para divulgar datas e horários dos mutirões de limpeza e outras atividades de combate aos focos. Também divulgam informações e debatem assuntos ligados às moléstias transmitidas pelo inseto..