A obra de restauro da Igreja de São Francisco de Assis, ícone modernista do conjunto arquitetônico da Pampulha, em Belo Horizonte, está prevista para março, mas o início do serviço esbarra na agenda de celebração de casamentos no local em 2016. Para deslanchar o projeto, que terá recursos de R$ 1,4 milhão do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) precisa do templo liberado, tarefa considerada difícil diante dos 215 matrimônios marcados para o período de janeiro a dezembro. A Arquidiocese de Belo Horizonte e a Fundação Municipal de Cultural (FMC) buscam uma solução para não deixar os noivos, que fizeram a reserva este ano, sem o “final feliz” nessa história polêmica.
De acordo com a PBH, até o fim de fevereiro deverá ocorrer o processo de licitação para recuperar o templo construído entre 1943 e 1945 a partir do traço do arquiteto Oscar Niemeyer (1907-2012). A expectativa é que o trabalho dure 12 meses. Ao lado do Museu de Arte da Pampulha (MAP), antigo cassino, Casa do Baile, atual Centro de Referência em Urbanismo, Arquitetura e Design de Belo Horizonte e outras edificações, o templo, mais conhecido como Igrejinha da Pampulha, é um dos principais esteios da candidatura do conjunto moderno a patrimônio cultural da humanidade, título concedido pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco). O resultado será divulgado em junho, em Istambul, na Turquia.
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Candidata a patrimônio, Pampulha tem suas belezas redescobertasPrevisão para início de recuperação da água da Lagoa da Pampulha é fevereiroSuspeito de pichar a Igrejinha da Pampulha é identificadoPrefeitura desapropria Iate Tênis Clube para atender exigência da UnescoAcordo entre PBH e Iate permitirá demolição de anexo para Unesco eleger Pampulha patrimônio mundialNa época, a reportagem mostrou que, no interior e exterior do templo, havia problemas: falhas na calçada de pedras portuguesas, representando um perigo especialmente para idosos e crianças; e desprendimento, perto da torre, de parte da pintura, dando o aspecto de desleixo. Já dentro da nave, onde artistas de renome imprimiram a beleza de seu trabalho, havia partes escuras, de alto a baixo, no revestimento de madeira, fruto das águas que entram pelas juntas de dilatação da estrutura abobadada.
SOLUÇÃO Em nota, o Memorial Arquidiocesano, vinculado à Arquidiocese de BH, informa “que já está em entendimento com os segmentos envolvidos na restauração da Igrejinha da Pampulha, para que os trabalhos transcorram da melhor forma.
A intenção da comunidade religiosa, conforme apurou o EM, é não comprometer as 215 cerimônias de casamento, muito menos o projeto de restauração da igrejinha vinculada à Paróquia de Nossa Senhora da Divina Providência. Em ofício, a FMC já comunicou ao Memorial Arquidiocesano que a intervenção no templo ocorrerá a partir de março.
14 anos de proibição
Uma das principais atrações do conjunto arquitetônico e urbanístico da Pampulha, a Igreja São Francisco de Assis, emoldurada pelas águas da lagoa, reúne o talento do arquiteto Oscar Niemeyer, do paisagista Burle Marx e do pintor Cândido Portinari (1903-1962). A união gerou a construção em tons azuis, com linhas e curvas totalmente revestida por azulejos e pelos painéis que retratam a Via Sacra e a imagem de São Francisco. A igreja ficou durante 14 anos proibida ao culto. Aos olhos do arcebispo dom Antônio dos Santos Cabral, o templo era apenas um galpão, apesar de, em seu interior, abrigar a Via Sacra, constituída por 14 painéis de Cândido Portinari.