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Estado de Minas

Casamentos podem atrasar reforma da igrejinha da Pampulha

Agenda de 215 celebrações no próximo ano desafia o cronograma de restauração do templo, que exige que ele esteja liberado. Arquidiocese e Prefeitura de BH buscam saída para impasse


postado em 15/12/2015 06:00 / atualizado em 15/12/2015 08:03

Casamento na Igrejinha: proposta para celebrações já reservadas para 2016 deverá ser apresentada em reunião com os noivos(foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press)
Casamento na Igrejinha: proposta para celebrações já reservadas para 2016 deverá ser apresentada em reunião com os noivos (foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press)
A obra de restauro da Igreja de São Francisco de Assis, ícone modernista do conjunto arquitetônico da Pampulha, em Belo Horizonte, está prevista para março, mas o início do serviço esbarra na agenda de celebração de casamentos no local em 2016. Para deslanchar o projeto, que terá recursos de R$ 1,4 milhão do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) precisa do templo liberado, tarefa considerada difícil diante dos 215 matrimônios marcados para o período de janeiro a dezembro. A Arquidiocese de Belo Horizonte e a Fundação Municipal de Cultural (FMC) buscam uma solução para não deixar os noivos, que fizeram a reserva este ano, sem o “final feliz” nessa história polêmica.

De acordo com a PBH, até o fim de fevereiro deverá ocorrer o processo de licitação para recuperar o templo construído entre 1943 e 1945 a partir do traço do arquiteto Oscar Niemeyer (1907-2012). A expectativa é que o trabalho dure 12 meses. Ao lado do Museu de Arte da Pampulha (MAP), antigo cassino, Casa do Baile, atual Centro de Referência em Urbanismo, Arquitetura e Design de Belo Horizonte e outras edificações, o templo, mais conhecido como Igrejinha da Pampulha, é um dos principais esteios da candidatura do conjunto moderno a patrimônio cultural da humanidade, título concedido pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco). O resultado será divulgado em junho, em Istambul, na Turquia.

Em 23 de janeiro de 2014, o Estado de Minas mostrou a situação da edificação considerada joia da arquitetura brasileira e atrativo para visitantes que, todos os dias, se enfileiram na calçada para tirar fotos e admirar o cartão-postal de BH. Tombado pela União, estado e município, o templo trazia as marcas das infiltrações, queda de reboco na marquise e muita sujeira nas pastilhas externas, além de espécies invasadoras no jardim planejado pelo paisagista Burle Marx (1909-1994).

Na época, a reportagem mostrou que, no interior e exterior do templo, havia problemas: falhas na calçada de pedras portuguesas, representando um perigo especialmente para idosos e crianças; e desprendimento, perto da torre, de parte da pintura, dando o aspecto de desleixo. Já dentro da nave, onde artistas de renome imprimiram a beleza de seu trabalho, havia partes escuras, de alto a baixo, no revestimento de madeira, fruto das águas que entram pelas juntas de dilatação da estrutura abobadada.

SOLUÇÃO Em nota, o Memorial Arquidiocesano, vinculado à Arquidiocese de BH, informa “que já está em entendimento com os segmentos envolvidos na restauração da Igrejinha da Pampulha, para que os trabalhos transcorram da melhor forma. A proposta para as celebrações será apresentada nos próximos dias. Há um empenho concentrado para se encontrar a melhor solução”. Um dos próximos passos é fazer uma reunião com os 215 casais para apresentar uma proposta.

A intenção da comunidade religiosa, conforme apurou o EM, é não comprometer as 215 cerimônias de casamento, muito menos o projeto de restauração da igrejinha vinculada à Paróquia de Nossa Senhora da Divina Providência. Em ofício, a FMC já comunicou ao Memorial Arquidiocesano que a intervenção no templo ocorrerá a partir de março.

14 anos de proibição

Uma das principais atrações do conjunto arquitetônico e urbanístico da Pampulha, a Igreja São Francisco de Assis, emoldurada pelas águas da lagoa, reúne o talento do arquiteto Oscar Niemeyer, do paisagista Burle Marx e do pintor Cândido Portinari (1903-1962). A união gerou a construção em tons azuis, com linhas e curvas totalmente revestida por azulejos e pelos painéis que retratam a Via Sacra e a imagem de São Francisco. A igreja ficou durante 14 anos proibida ao culto. Aos olhos do arcebispo dom Antônio dos Santos Cabral, o templo era apenas um galpão, apesar de, em seu interior, abrigar a Via Sacra, constituída por 14 painéis de Cândido Portinari. Os painéis externos também são de Portinari e Paulo Werneck (1903-1962). O monumento é tombado pelo Iphan, Iepha-MG e Conselho Deliberativo do Patrimônio Cultural Municipal.


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