Representação do Núcleo de Resolução de Conflitos Ambientais (Nucam) do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) pediu ontem a quintuplicação do valor de multa diária de R$ 1 milhão, que, passados 11 dias desde que foi determinada, já soma R$ 11 milhões, além da impugnação das alegações da mineradora Samarco e do consórcio Candonga, ligado à mineradora Vale e à companhia energética Cemig. Segundo os promotores, a punição mais dura se justifica já que, exatos 40 dias depois do rompimento da Barragem de Fundão, em Mariana, a mineradora exige mais seis semanas de prazo para apresentar o plano de ação de emergência (Dam Break) para o caso de rompimento das outras duas barragens – Germano e Santarém. Da mesma forma, até agora o consórcio Candonga não se manifestou oficialmente sobre a necessidade de esvaziar a represa da hidrelétrica homônima, capaz de barrar novas ondas de rejeitos de minérios.
De acordo com o previsto na ação civil pública, que será julgada na 1ª Vara da Fazenda Pública, cada dia de atraso no cumprimento da decisão liminar pode representar o risco de perda de vidas. “Não é possível que, em caso de nova ruptura, as ações sejam lentas, insuficientes e descoordenadas como aconteceu quando do rompimento da barragem do Fundão”, alerta o texto do MP.
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Samarco ainda não pagou ou recorreu de multas aplicadas pelo IbamaSamarco assina acordo com MPMG para garantir abastecimento de água em GalileiaMariana recebe show de música sertaneja em prol das vítimas da tragédia com barragemUnificação de barragens em curso ampliaria catástrofe, diz MPNaquela mesma sexta-feira, a Samarco recorreu da ação do MPMG, que havia sido acatada horas antes pelo juiz Michel Curi e Silva, da 1ª Vara da Fazenda Pública Estadual. Na solicitação, os promotores informaram que as estruturas remanescentes na Mina do Germano não apresentavam segurança satisfatória. Hoje, a menos que o Tribunal acate a defesa da Samarco, o MP mineiro entrará com a impugnação para que a representação da mineradora, pedindo ainda mais prazo, não seja aceita.
Além de traçar um plano prevendo os impactos de um hipotético rompimento das barragens, a empresa deverá iniciar desde já as obras de contenção das estruturas, bem como colocar em prática recomendações técnicas da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e do Departamento Nacional de Produção Mineral para evitar que ocorram novos rompimentos.
Ao longo do documento, está detalhado que a mineradora Samarco pede mais tempo para entregar o Dam Break alegando que a equipe de consultoria contratada precisará de mais prazo para concluir os estudos do plano de emergência. Também esse argumento é rebatido pelos promotores: “Obviamente, uma única consultoria tem limitações técnicas e de pessoal para processar todos os dados brutos e obter os estudos no tempo necessário. Contudo, é plenamente viável e necessária a contratação de mais equipes e profissionais pela Samarco para o processamento e consolidação de informações de forma a atender a urgência que o caso demanda.”.