Sem uma recuperação significativa dos reservatórios que abastecem a Região Metropolitana de Belo Horizonte mesmo com as chuvas de dezembro, a nova captação de água no Rio Paraopeba ganha cada vez mais contornos de emergência, segundo especialistas. A Copasa confirmou que as novas adutoras vão começar a funcionar no próximo domingo – conforme previsão inicial de janeiro, época do anúncio da crise hídrica na Grande BH – e vão garantir a segurança do abastecimento sem a dificuldade de racionamento.
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A região dos reservatórios Rio Manso e Serra Azul tem uma área verde maior, segundo o professor, e por isso, a água infiltra mais. Já na Vargem das Flores, o nível de impermeabilização é maior e, por isso, a água corre mais rápido para a represa, uma das explicações para o período sem redução de volume em dezembro, de acordo com o professor. "Dessa forma, a obra do Paraopeba se torna muito importante do ponto de vista emergencial", afirma Fernandes. Outra explicação para o período sem reduções na Vargem das Flores é a diminuição da captação, com compensação nas outras represas.
O professor do Departamento de Engenharia Hidráulica e Recursos Hídricos da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Luiz Rafael Palmier traz outros dois aspectos que favoreceram o aumento no consumo de água e também contribuem para depositar na obra do Rio Paraopeba a segurança necessária para evitar o racionamento.
Desde 1º de dezembro, não houve diminuição de volume quando considerado o conjunto das represas que integram o Sistema Paraopeba. Porém, o aumento foi baixo, saindo de 21,3% em 1º de dezembro para 21,9% ontem. No reservatório do Rio Manso, mesmo com 197,4 milímetros de chuva em 14 dias, o que equivale a 60% dos 328,1 milímetros esperados para o mês, houve cinco quedas de volume. Ontem, o registro da Copasa mostrava 28,9% da capacidade disponível na represa. Serra Azul fechou o dia com 6,5% e Vargem das Flores com 29,7%.
De acordo com a Copasa, a queda ou a recuperação do nível das represas que compõem do Sistema Paraopeba varia em função das suas características. “A recuperação do nível das águas do Rio Manso e do Serra Azul é mais lenta, porque são bacias muito grandes e com muita área de infiltração”, afirmou, em nota, a companhia.
Já a represa de Vargem das Flores, segundo a empresa, por ter características urbanas, a água da chuva vai logo para o reservatório, uma vez que tem pouca área de infiltração.
DEMANDA Segundo a Copasa, com a ligação das bombas que vão puxar a água diretamente do Rio Paraopeba, em Brumadinho, na Grande BH, a partir do próximo domingo, 5 mil litros de água por segundo serão lançados diretamente na Estação de Tratamento de Água (ETA) do Rio Manso. Isso significa quase tudo que a empresa tem usado somando os três reservatórios atualmente, já que a demanda tem sido de cerca de 5,5 mil litros do Sistema Paraopeba. Dessa forma, a companhia aposta que vai conseguir poupar as represas nos períodos chuvosos, garantindo uma recarga bem mais rápida do que está ocorrendo neste momento. A expectativa é que em três anos haja uma recuperação completa. A obra custou R$ 128,4 milhões aos cofres públicos e é um aditivo de uma Parceria Público Privada (PPP) firmada entre o governo estadual e a empresa Odebrecht para expansão do Sistema Rio Manso..