Estudos conflitantes mantêm a dúvida sobre a qualidade da água no Rio Doce, após o impacto resultante do rompimento da Barragem do Fundão, em Mariana, na Região Central de Minas, em 5 de novembro. Enquanto as análises de água e sedimentos do Serviço Geológico do Brasil (CPRM) mostram que os níveis de metais estão dentro dos limites aceitáveis, mesmo acima das marcas registradas em 2010, uma pesquisa independente mostra, premilinarmente, índices de contaminação por arsênio, manganês e chumbo muito acima do permitido pela legislação brasileira.
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Doações em dinheiro para as vítimas de Mariana chegam a R$ 1 milhãoTJMG estende prazos para Samarco apresentar plano de emergência e esvaziar hidrelétricaAnálises do CPRM não registram níveis anormais de metais pesados no Rio DoceSamarco ganha mais prazo para depositar R$ 1 bilhão para reparar danos da tragédiaBombeiros encontram mais um corpo de vítima da tragédia de MarianaProjeto de Lei que limita Uber em BH é aprovado na Câmara Municipal Dúvidas sobre presença de metais na Bacia do Rio Doce impõem precauçãoIntegrantes de comitês debatem sobre danos à Bacia do Rio DoceExpedição 'Missão Mariana' começa nesta quinta-feira com objetivo de traçar metas para recuperar Bacia do Rio DoceCorpo da 17° vítima da tragédia de Mariana será enterrado na tarde desta quarta-feiraCorpo é reconhecido e número de vítimas da tragédia de Mariana sobe para 17Já análises realizadas por um grupo de cientistas das universidades de Brasília (UnB) e Federal de São Carlos (UFscar), de São Paulo, em amostras de água e sedimentos coletados em 10 pontos ao longo do Rio Doce e afluentes indicou presença de metais pesados acima dos limites admitidos pela Resolução 357 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) em alguns locais, inclusive em água coletada para abastecimento humano. Esses pesquisadores formam o Grupo Independente de Análise de Impacto Ambiental (Giaia), que está avaliando os impactos causados pelo rompimento da Barragem do Fundão, em Mariana, na Região Central de Minas, em 5 de novembro. A coleta foi feita entre os dias 4 e 8 deste mês.
Além das áreas afetadas pelo desastre, o contágio também foi detectado em níveis superiores ao indicado pela legislação nacional em pontos acima daqueles a que os resíduos de mineração contidos na barragem chegaram e na água captada e tratada em Governador Valadares. O valor encontrado em cada litro, de 0,04mg/l, é quatro vezes maior que o tolerável. O máximo permitido é de 0,01mg/l, de acordo com os critérios de potabilidade estabelecidos na Portaria 2.914, do Ministério da Saúde.
Segundo o professor André Cordeiro, da UFScar, os níveis encontrados na água estão acima do padrão.
Integrante do grupo e um dos responsáveis pela coleta de água, Cordeiro informou que amostras foram feitas dentro do sistema de captação de água de Governador Valadares. “Uma substância, para ser considerada tóxica, depende da concentração e do tempo de exposição. Arsênio é cancerígeno se você tiver contato constante com ele. O problema é o consumo a longo prazo”, alerta.
Ainda no caso do arsênio, a concentração mais significativamente aumentada foi detectada entre o distrito de Bento Rodrigues, onde a barragem estava localizada, e da vizinha Barra Longa.
O estudo concluiu também que os níveis de manganês estavam elevados em pontos não impactados pelo desastre e que, em locais atingidos pela onda de lama, a concentração está ainda mais acima do admitido pela lei. Quanto ao chumbo, os resultados demonstraram anormalidade em pontos do Rio Gualaxo do Norte, em Paracatu de Baixo e na cidade de Rio Doce.
O grupo analisou as concentrações de 10 metais: alumínio dissolvido, ferro dissolvido, arsênio, manganês, selênio, cádmio, chumbo, lítio, níquel e zinco. As quantificações de antimônio, bário, cálcio, césio, cromo, cobalto, cobre, magnésio, mercúrio, rubídio, prata, estrôncio, urânio e vanádio serão disponibilizadas brevemente..