Na guerra contra o Aedes aegypti e sua ameaça mais recente, o zika vírus, Belo Horizonte se declara em estado de emergência. A medida é uma forma de tentar se antecipar a uma possível epidemia decorrente do vírus, que pode provocar microcefalia em bebês e estar associado a um distúrbio que provoca paralisia, chamado síndrome de Guillain-Barret. Segundo a prefeitura, uma grande mobilização do poder público está programada para esta semana, com ações que devem envolver também a população. O decreto que vai oficializar a situação está sendo finalizado e deve ser publicado nos próximos dias no Diário Oficial do Município.
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Prevenção é a única arma para se proteger do Zika vírusDefesa contra vírus zika vira desafio em Belo Horizonte Microcefalia dispara e soa alarme contra o zikaSobe para 33 o número de casos de microcefalia associada ao zika vírus em MGLimpeza ainda é o melhor jeito de evitar o mosquito da dengue, zika e outras doençasBairros da Região Norte de BH recebem mutirão contra o Aedes aegypti Bom Despacho investiga dois casos de zika vírusApós alerta contra o zika vírus, Minas registra caso de síndrome de Guillain BarréMutirão contra o Aedes aegypti mobiliza setores da PBH na PampulhaLaboratórios enviam teste de zika para análise na EuropaEntre as medidas a serem adotadas estão reuniões com igrejas evangélicas e católicas para a realização de campanhas junto aos fiéis, durante cultos e missas.
O Ministério da Saúde divulga hoje novo Boletim Epidemiológico com números atualizados de casos de microcefalia em todo o país e orientações para o combate ao mosquito durante o verão. O problema atinge principalmente os estados do Nordeste. Em Minas, as secretarias municipal e estadual de Saúde afirmam que, pelo menos por enquanto, não existe circulação do vírus no estado. Entre 11 de novembro e 16 de dezembro deste ano foram notificados 41 disgnósticos de microcefalia em Minas, distribuídos em 24 municípios. Em seis deles a relação entre o vírus e a malformação foi descartada, mas 35 ainda estão sendo investigados.
FIM DE ANO Uma das preocupações da população diz respeito às festas de fim de ano e férias, quando muitas pessoas viajam, aumentando o risco de circulação do vírus. Segundo o médico Alexandre Moura, infectologista da Gerência de Assistência da Secretaria Municipal de Saúde, é difícil prever se haverá a circulação do micro-organismo na capital e em quanto tempo isso pode ocorrer.
Moura lembra que, independentemente de viagem, o verão é uma época em que o vetor Aedes aegypti é mais abundante, o que de antemão já aumenta o risco. Por isso, ficar vigilante aos focos visando ao combate ao mosquito continua sendo imprescindível, seja para quem vai viajar ou vai ficar em casa.
Em relação às grávidas, se possível o conselho é que evitem viajar para regiões onde há maior número de casos da doença, como o Nordeste do país. Em qualquer situação, devem manter a aplicação de repelentes, conforme indicação médica, usar roupas que cubram extremidades do corpo e evitar locais e horários com maior concentração de mosquitos. Apesar desse cuidado, Moura lembra que o Aedes aegypti é domiciliado e reforça que 80% dos focos em Belo Horizonte estão dentro das casas.
TRATAMENTO Os sintomas do zika vírus são muito semelhantes aos da dengue: febre intermitente, olhos vermelhos, dores nas articulações, muscular e de cabeça, além de manchas vermelhas no corpo. O único tratamento é a hidratação. A doença dura de três a sete dias e, exceto nos casos de mulheres grávidas, o zika é menos perigoso do que a dengue. Uma diferença em relação à dengue é que a pessoa se torna imune, não contraindo a doença pela segunda vez. Os exames para detecção da doença, no entanto, são limitados e o diagnóstico não é 100% seguro.
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Síndrome de Guillain-Barré
Ocorre quando o sistema imunológico ataca as células do corpo por engano. No caso, os anticorpos destroem a bainha de mielina, responsável por proteger os nervos. Isso provoca inflamação dos nervos e o retardo da passagem de estímulos, levando à fraqueza muscular e paralisia, que pode ou não ser reversível. A síndrome começa com formigamento, seguido de enfraquecimento da musculatura, normalmente de baixo para cima (pés, pernas, tronco, braços, face). Se atingir o sistema respiratório, pode levar à morte.
Origens
O aumento de casos de bebês nascendo com microcefalia chamou a atenção do Ministério da Saúde, que começou a investigar a associação da malformação com o vírus zika. Até a data em que foi divulgado o último boletim, haviam sido registrados 2.401 casos, com 29 mortes, distribuídos em 549 municípios de 20 estados.