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Estado de Minas

Prefeitura de BH vai publicar decreto para se antecipar à ameaça de epidemia pelo zika

Com risco potencializado por viagens de férias, município cria força-tarefa e busca apoio de entidades para combater focos


postado em 22/12/2015 06:00 / atualizado em 22/12/2015 07:20

Combater focos do mosquito transmissor é o maior desafio diante das novas ameaças, que incluem malformação em bebês e distúrbio paralisante em adultos(foto: Euler Júnior/EM/DA Press)
Combater focos do mosquito transmissor é o maior desafio diante das novas ameaças, que incluem malformação em bebês e distúrbio paralisante em adultos (foto: Euler Júnior/EM/DA Press)

Na guerra contra o Aedes aegypti e sua ameaça mais recente, o zika vírus, Belo Horizonte se declara em estado de emergência. A medida é uma forma de tentar se antecipar a uma possível epidemia decorrente do vírus, que pode provocar microcefalia em bebês e estar associado a um distúrbio que provoca paralisia, chamado síndrome de Guillain-Barret. Segundo a prefeitura, uma grande mobilização do poder público está programada para esta semana, com ações que devem envolver também a população. O decreto que vai oficializar a situação está sendo finalizado e deve ser publicado nos próximos dias no Diário Oficial do Município.

O objetivo do decreto de emergência é formalizar ações que darão um norte não só ao poder público como à população, para que se aumente a conscientização acerca dos novos perigos que chegam com o mosquito Aedes aegypti. Embora muitas ações já sejam desenvolvidas há tempos contra a dengue, o zika vírus traz riscos novos, especialmente a mulheres grávidas. No Nordeste do país, já foi confirmada a relação do micro-organismo com a malformação cranioencefálica de recém-nascidos. A síndrome de Guillain-Barré é outra ameaça, representada por uma reação infecciosa que provoca fraqueza muscular e paralisia, que também pode decorrer da infecção pelo zika vírus. A síndrome pode deixar sequelas irreversíveis, principalmente em idosos, e em casos mais raros levar à morte.

Entre as medidas a serem adotadas estão reuniões com igrejas evangélicas e católicas para a realização de campanhas junto aos fiéis, durante cultos e missas. Também será feita parceria com a Câmara do Mercado Imobiliário, aproveitando que funcionários do ramo têm acesso constante a imóveis fechados que podem servir como foco do mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue e do zika, além da febre amarela e da chikungunya. No poder público, será formada uma força-tarefa exclusivamente para tratar do assunto, segundo a prefeitura, com a participação de órgãos como a Defesa Civil, área de saúde e Superintendência de Limpeza Urbana (SLU).

O Ministério da Saúde divulga hoje novo Boletim Epidemiológico com números atualizados de casos de microcefalia em todo o país e orientações para o combate ao mosquito durante o verão. O problema atinge principalmente os estados do Nordeste. Em Minas, as secretarias municipal e estadual de Saúde afirmam que, pelo menos por enquanto, não existe circulação do vírus no estado. Entre 11 de novembro e 16 de dezembro deste ano foram notificados 41 disgnósticos de microcefalia em Minas, distribuídos em 24 municípios. Em seis deles a relação entre o vírus e a malformação foi descartada, mas 35 ainda estão sendo investigados.

FIM DE ANO Uma das preocupações da população diz respeito às festas de fim de ano e férias, quando muitas pessoas viajam, aumentando o risco de circulação do vírus. Segundo o médico Alexandre Moura, infectologista da Gerência de Assistência da Secretaria Municipal de Saúde, é difícil prever se haverá a circulação do micro-organismo na capital e em quanto tempo isso pode ocorrer. Ele explica que, em relação às viagens de fim de ano, o efeito não é imediato. “É preciso que a pessoa chegue de viagem, seja picada e isso se sustente. Então, se for o caso de uma epidemia, pode ocorrer entre fevereiro e março. Mas é imprevisível. Quando começou o surto da chikungunya, nós nos preparamos para uma epidemia e ela não ocorreu”, afirma.

Moura lembra que, independentemente de viagem, o verão é uma época em que o vetor Aedes aegypti é mais abundante, o que de antemão já aumenta o risco. Por isso, ficar vigilante aos focos visando ao combate ao mosquito continua sendo imprescindível, seja para quem vai viajar ou vai ficar em casa.

Em relação às grávidas, se possível o conselho é que evitem viajar para regiões onde há maior número de casos da doença, como o Nordeste do país. Em qualquer situação, devem manter a aplicação de repelentes, conforme indicação médica, usar roupas que cubram extremidades do corpo e evitar locais e horários com maior concentração de mosquitos. Apesar desse cuidado, Moura lembra que o Aedes aegypti é domiciliado e reforça que 80% dos focos em Belo Horizonte estão dentro das casas. Trata-se de um mosquito com hábitos predominantemente diurnos, que pica principalmente até o crepúsculo (19h ou 20h no horário de verão) e que voa baixo, o que torna as pernas mais vulneráveis a picadas.

TRATAMENTO Os sintomas do zika vírus são muito semelhantes aos da dengue: febre intermitente, olhos vermelhos, dores nas articulações, muscular e de cabeça, além de manchas vermelhas no corpo. O único tratamento é a hidratação. A doença dura de três a sete dias e, exceto nos casos de mulheres grávidas, o zika é menos perigoso do que a dengue. Uma diferença em relação à dengue é que a pessoa se torna imune, não contraindo a doença pela segunda vez. Os exames para detecção da doença, no entanto, são limitados e o diagnóstico não é 100% seguro.

SAIBA MAIS

Síndrome de Guillain-Barré

Ocorre quando o sistema imunológico ataca as células do corpo por engano. No caso, os anticorpos destroem a bainha de mielina, responsável por proteger os nervos. Isso provoca inflamação dos nervos e o retardo da passagem de estímulos, levando à fraqueza muscular e paralisia, que pode ou não ser reversível. A síndrome começa com formigamento, seguido de enfraquecimento da musculatura, normalmente de baixo para cima (pés, pernas, tronco, braços, face). Se atingir o sistema respiratório, pode levar à morte.

Origens


O aumento de casos de bebês nascendo com microcefalia chamou a atenção do Ministério da Saúde, que começou a investigar a associação da malformação com o vírus zika. Até a data em que foi divulgado o último boletim, haviam sido registrados 2.401 casos, com 29 mortes, distribuídos em 549 municípios de 20 estados. Em 134 dos bebês vivos (e em um dos óbitos) foi confirmada a relação com o zika. Foram descartados 102 casos de bebês vivos e dois entre os que morreram. Os demais seguiam sob investigação. Segundo o Ministério da Saúde, 16 laboratórios estão preparados para realizar o diagnóstico de zika. Nos próximos dois meses, a previsão é de que a tecnologia seja transferida para mais 11 laboratórios para analisar cerca de 400 amostras por mês.


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