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Fala Fa.vela cria redes e permite a troca de experiências entre empreendedores

Segunda edição do evento 'Fala Fa.vela' ocorre nesta terça-feira no Morro do Papagaio, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte


postado em 22/12/2015 06:00 / atualizado em 22/12/2015 10:38

A organização não governamental Fa.vela promove a segunda edição do evento “Fala Fa.vela”, hoje no Morro do Papagaio, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte. Vinte empreendedores foram selecionados para receber o apoio de voluntários das mais diversas áreas na construção de planos de negócios e de vida por meio de mentorias coletivas e individuais de empreendedorismo, gestão do negócio e marketing. O evento é parte do Projeto de Intervenção Participativa em Aglomerados (Pipa). Bárbara Ribeiro, de 24 anos, Lourdes Maria, de 54, Débora Porto, de 24, e Samuel Rosa, de 29, vão contar experiência para outros 100 participantes. O Fala Fa.vela cria redes num ambiente descontraído e informal. O espaço permite a troca de experiências para os novos empreendedores selecionados pelo Pipa, voluntários da ONG e convidados.

Estudante de farmácia, Bárbara Ribeiro criou o bloco Seu vizinho. Ela mora com os pais e os três irmãos na Vila Marçola, Aglomerado da Serra. A inspiração veio da mãe, que é professora em uma escola da comunidade. O bloco desfilou pela primeira vez no carnaval de 2015. Em setembro, iniciaram uma oficina de percussão para as crianças do aglomerado no Centro Cultural Vila Marçola para que possam participar do desfile do bloco no próximo carnaval. O objetivo é integrar moradores da comunidade na folia, começando pelas crianças.

Lourdes Maria também procura colaborar com a integração da comunidade. Como cabeleireira, professora e agente comunitária, há quase 30 anos ela cuida dos cabelos de crianças, jovens, adultos e idosos do Morro do Papagaio. Dona Lurdinha, como é conhecida, começou na carreira de cabeleireira aos 17. Depois de trabalhar em casa de família e em supermercado, bateu na porta de um salão da Zona Sul oferecendo trabalho em troca do ensino do ofício. Entre cortes e tinturas, ela busca ser também agente de desenvolvimento da comunidade. É cofundadora e voluntária em iniciativas como o “Bom de bola, bom de escola” e o “Sopão do quartel”, que beneficiou as crianças e jovens com educação, esporte, lazer e alimentação.

DESCRÉDITO Muitas pessoas duvidaram de Samuel e Débora. Mas os nãos que receberam serviram de incentivo para que pudessem empreender. Moradora do Taquaril, Débora começou a trançar e criar penteados em cabelos crespos quando tinha 17 anos. Encontrou no ato de trançar espaço para reforçar a identidade e autoestima e também uma fonte de renda. A propaganda de seu trabalho foi feita pelos clientes, que ora ela atendia em casa ora em eventos de basquete no Viaduto Santa Tereza. Engajou-se na cultura hip-hop, o que a ajudou no caminho do sucesso. Ela já ouviu muito: “ah, isso nunca vai dar certo”, mas persistiu. A jovem trabalha para quebrar preconceitos. Ela mostra que é possível ser mulher negra, modelo plus size e empreendedora de sucesso morando em uma comunidade.

Morador da Vila Pinho, na Região do Barreiro, Samuel era flanelinha, mas teve uma ideia que mudou sua vida. Especializou-se em higienização automotiva. Inovador, em tempos de falta d’água ele oferece a possibilidade de adotar a lavagem ecológica e compartilha o seu conhecimento nos cursos que oferece a jovens e empresas. O modelo do negócio é baseado do atendimento em domicílio. São mais de 30 mensalistas e média de 40 carros higienizados por semana. E você acha que ele se vê como empreendedor de sucesso? “Tenho que melhorar 90% ainda. O mercado é desafiador.”


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