Na sexta-feira, a empresa assinou um Termo de Compromisso Preliminar (TCP) com o Grupo Especial de Defesa da Fauna (Gedef) do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) e tem 45 dias para executar plano de localização, resgate e cuidado dos animais domésticos atingidos pelo derramamento de rejeitos, nos municípios de Mariana e Barra Longa.
Dona Tereza da Silva, de 83 anos, esteve esta semana no galpão para buscar seus dois cães, Leão, de 3 anos, e Lizardinho, de 1.
A alegria dos animais ao reencontrar a dona emocionou quem trabalha no galpão. “Fico satisfeita quando a pessoa busca sua estimação”, fez questão de destacar uma especialista enquanto observava Lizardinho latir e pular diante da idosa. Ele parecia agradecer o carinho que só dona Tereza lhe proporciona.
Já Leão jogou as duas patas dianteiras no colo da dona e abanou o rabo por diversas vezes. Ele, conta a proprietária, “é caçador de tatus”. “Pegava e levava para minha casa. Teve vez que levou até um lagarto, acredita?”, contou.
Muitos donos sabem que os animais estão sob os cuidados da mineradora, contudo, não podem buscá-los por diferentes motivos. Há, por exemplo, quem está alojado em quartos de hotéis ou pousadas desde quando a barragem do Fundão estourou. Também há aqueles que não têm condições financeiras de alimentá-los, pois perderam toda a economia na tragédia e ainda não receberam o auxílio mensal de um salário-mínimo (R$ 788) prometido pela empresa.
ESTRATÉGIA É bom frisar que o objetivo dos especialistas é trabalhar para que todos os animais voltem ao convívio com os donos, como determina o termo assinado pela Samarco. O grupo fotografou os bichos resgatados e estuda a possibilidade de divulgar as imagens na esperança de encontrar os proprietários que ainda não foram localizados.
O número de animais sob os cuidados da Samarco deve aumentar nos próximos dias, pois ainda há bichos domésticos nos povoados invadidos pela lama. Em Bento Rodrigues, o primeiro lugarejo devastado pelo desastre, há quatro cães. Todos ariscos, que fogem para o mato quando os funcionários se aproximam. Em Paracatu de Baixo, há muitas galinhas e outros cães.
“Vamos continuar o trabalho de resgate até janeiro.
Além dos profissionais contratados para cuidar dos bichos separados de seus donos e de uma equipe técnica qualificada para realizar ações de busca, regaste e cuidados dos animais, o termo de compromisso assinado pela Samarco com o MP estabelece que a empresa tem que providenciar equipamentos, maquinários, veículos e suprimentos destinados a essa operação de salvamento. Deve, ainda, apresentar um diagnóstico das áreas atingidas tendo em vista a localização, a identificação e a quantificação de animais isolados. O MP deverá ainda receber relatórios mensais de monitoramento da situação e das medidas já cumpridas, entre elas, um plano para o resgate prévio dos animais em caso de evacuação emergencial de outras áreas que possam ser afetadas em eventuais rompimentos de barragens administradas
pela Samarco. O descumprimento das normas estabelecidas no acordo prevê multa diária de R$ 10 mil.