A Prefeitura de Belo Horizonte decretou situação de emergência por causa da infestação do mosquito Aedes aegypti, vetor da dengue, chikungunya e zika vírus. A declaração foi assinada pelo prefeito Marcio Lacerda e publicada nesta quarta-feira, no Diário Oficial do Município (DOM) com validade para 180 dias. A medida, antecipada pelo Estado de Minas em sua edição de ontem, visa criar um grupo executivo que terá a missão de coordenar um esforço de vistoria que alcance 100% dos imóveis da capital até 31 de janeiro, com base em determinação do Ministério da Saúde anunciada nessa terça-feira.
De acordo com o decreto, fica estabelecida a criação do Grupo Executivo para Intensificação do Combate ao Aedes aegypti - Geicaedes - visando a implementação do Plano de Contingências de enfrentamento da anormalidade instalada. Na determinação, a PBH informou que considerou caso de emergência de saúde pública de importância nacional pela alteração do padrão de ocorrência de microcefalias no Brasil e o período do ano, favorável a infestação do mosquito.
O Ministério da Saúde levantou divulgou o registro de 2.782 casos de microcefalia no Brasil que podem estar associados ao zika vírus, mais nova enfermidade disseminada pelo mosquito que também transmite a dengue, sendo a maioria dos casos no Nordeste do Brasil.
A publicação define que o Grupo Executivo terá coordenação compartilhada entre o Secretário Municipal de Saúde e o Coordenador Municipal de Defesa Civil, que definirão o regimento interno de funcionamento. A deliberação também recomenda ações para a mobilização da sociedade, com a finalidade de reforçar as ações de combate aos focos do Aedes aegypti.
A equipe conta também com todas as nove secretarias regionais, além das secretarias de Governo, Serviços Urbanos, Meio Ambiente e Educação, além de contemplar representantes da Superintendência de Limpeza Urbana (SLU), Procuradoria-Geral do Município e Guarda Municipal. Nessa terça-feira, o modelo de atuação já foi colocado em prática, com a presença de agentes de endemias e agentes comunitários de saúde, acompanhados de guardas municipais, esquadrinhando o Bairro Jardim São José, local mais sensível da Região da Pampulha para a infestação do Aedes aegypti.
As atividades continuam nesta quarta-feira no mesmo bairro, mas só ontem 560 imóveis foram alvo dos trabalhos, sendo 451 vistoriados e 109 fechados. A prefeitura notificou os donos de 46 residências por risco de proliferação do inseto e encontrou criatórios em 40, dando o tratamento adequado.
O mutirão atingiu 11 dos 22 quarteirões designados pela força-tarefa. Segundo o coronel Alexandre Lucas, coordenador da Defesa Civil municipal, o objetivo é transformar o conhecimento que as pessoas dizem ter sobre o mosquito e as doenças que ele causa em ações práticas de eliminação dos criatórios. "Saber e não fazer é a mesma coisa que nada. A ação de hoje (ontem) já faz parte do esforço que vamos lançar em toda a cidade para evitar que aconteça em Belo Horizonte o que estamos vendo no Nordeste do país", afirma o coronel. Segundo Lucas, 86% dos focos do mosquito em BH estão dentro das residências.