O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) começa a convocar a partir de janeiro donos de imóveis fechados e de lotes vagos para que seja feita vistoria contra focos do Aedes aegypti. Essa é uma das várias parcerias do grupo executivo formado pela Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) para acabar com criatórios do transmissor da dengue, febre amarela, chikungunya e zika vírus. De acordo com o coordenador municipal de Defesa Civil (Comdec), coronel Alexandre Lucas, foi feito um acordo com a Promotoria de Urbanismo e do Meio Ambiente, que vai convocar os proprietários de casas fechadas e de lotes que não forem limpos. Esse é um dos vários desdobramentos do decreto que oficializa o estado de emergência na cidade para combate ao vetor, antecipado pelo Estado de Minas, e publicado ontem no Diário Oficial do Município, determinando um esforço conjunto de pelo menos seis meses contra o inseto. Uma das metas é vistoriar 100% dos imóveis da cidade até janeiro, conforme meta estipulada pelo Ministério da Saúde.
O segundo pilar é o da mobilização, segundo o coordenador da Defesa Civil. “Vamos mobilizar toda a sociedade para que faça a proteção comunitária. O prefeito se reuniu com pastores evangélicos, padres católicos e outros líderes religiosos para conclamá-los a liderar uma guerra semanal contra o mosquito”, disse o coronel. Na reunião, segundo ele, ficou acertado que os fiéis serão convocados semanalmente para que façam vistorias em suas residências. “A mobilização envolve também entidades de classe. Estamos recebendo apoio do Sindicato dos Corretores de Imóveis, pois esase profissionais visitam casas fechadas pelo menos sete vezes em um dia. A ideia é que eles possam pelo menos dar descarga em vasos sanitários que estejam abertos nessas casas”, disse. Grupos de escoteiros e associação de reservistas também são convocados para ajudar na guerra ao mosquito.
Os setores industrial e da construção civil também serão parceiros, segundo o coronel. Por meio das reuniões que acontecem diariamente das Comissões Internas de Prevenção de Acidentes (CIPA), os trabalhadores serão orientados, pelo menos uma vez por semana, a proteger suas casas contra o mosquito. “São dez minutos antes de começar o trabalho. Eles se reúnem e falam sobre algum tipo de segurança de trabalho. Queremos colocar a prevenção nesses diálogos de segurança, pelo menos uma vez por semana. Precisamos ensinar às pessoas que elas precisam olhar vasos sanitários, ralos, cantos, calhas e se a caixa-d’água está fechada. Toda semana é preciso fazer uma checagem”, acrescentou.
ALARME Uma novidade, segundo ele, é que a PBH, via Prodabel, está desenvolvendo um aplicativo de celular que vai lembrar a população sobre essa necessidade. O serviço começa a ser testado no fim da semana que vem, para começar a funcionar no início de janeiro. “O aplicativo vai lembrar a pessoa toda semana de que ela tem que fazer um check-list. O aplicativo vai despertar e avisar que é hora de eliminar os focos do mosquito e sugerir o que deve ser checado”, disse o coronel.
A terceira estratégia é a amplitude operacional. “O nosso pessoal da Defesa Civil já atende o telefone 199 e manda vistoriadores para as casas para olhar riscos construtivos e geológicos. Agora, vai incluir a rotina de vistoria de dengue”, disse o coronel. O mesmo procedimento será adotado pelos servidores da Urbel e da fiscalização municipal. “Vamos aumentar a capacidade operacional dos agentes de edemia, funcionários que fazem isso diariamente”, disse. Além disso, agentes comunitários de saúde vão dar apoio em determinadas operações desses mutirões. A Superintendência de Limpeza Urbana (SLU) vai agregar mais veículos e trabalhadores para a ação. “Vamos trabalhar em cima de mapas de contaminação. A partir das áreas mais infectadas para as outras áreas vamos reforçar esse trabalho”, disse.
Mas, para o coronel, de nada vai adiantar o trabalho da prefeitura e dos governos estadual e federal se cada um não fizer a sua parte. “Não podemos condenar uma geração inteira à microcefalia. A gente não permitir que alguém da nossa família fique numa cadeira de rodas, que a dengue mate pessoas ao nosso redor. Qualquer denúncia deve ser feita pelo telefone 156”. orienta o coronel.