Com o início dos recessos para as festas de fim de ano, quando muita gente parte com destino ao interior e a outros estados, donos de veículos piratas infestaram as imediações do terminal rodoviário de Belo Horizonte, oferecendo viagens clandestinas em total liberdade. A ousadia para oferecer o transporte pirata é tamanha que, no quarteirão ao lado da Região Integrada de Segurança Pública (Risp), que integra os trabalhos das polícias Civil e Militar, dezenas deles disputam no grito passageiros para diferentes destinos.
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Enquanto cresce demanda por transporte clandestino, fiscalização e multas despencamDER garante que não há tolerância com transporte clandestinoO Departamento de Estradas de Rodagem de Minas Gerais (DER-MG) estima que quatro em cada 10 acidentes nas vias sob sua responsabilidade têm envolvimento de veículos que fazem o transporte clandestino de passageiros. Apesar disso, todos os indicadores de fiscalização ao setor caíram no estado. O número de apreensões de automóveis a serviço do mercado pirata diminuiu 34,3%, passando de 1.485 para 977, até 15 de dezembro deste ano. As fiscalizações encolheram de 9.729 para 6.780 (-30,4%) e as multas de 34.858 para 14.752 (-57,7%). A vigilância frouxa e a demanda de um público disposto a correr riscos por um desconto nas passagem estimulam o serviço "genérico".
A maioria dos “informais” que partem de algum ponto da cidade faz o chamado transporte intermunicipal. A reportagem apurou que esses serviços se dividem em duas zonas principais: nos arredores da Praça Rio Branco (da rodoviária), no Hipercentro de Belo Horizonte, além de vans automóveis de passeio são largamente usados para o transporte.
Há motoristas que fazem regularmente trajetos para Sete Lagoas, Montes Claros, Governador Valadares, Ipatinga e outros destinos várias vezes, sempre com passageiros.
Outro ponto de concentração de clandestinos é o Terminal JK, no Barro Preto, Região Centro-Sul. Lá, passageiros se arriscam em viagens de ônibus para vários destinos no interior de Minas Gerais, alguns em locais extremos, como Almenara, no Vale do Jequitinhonha, Januária, no Norte de Minas, Uberlândia, no Triângulo, e Juiz de Fora, na Zona da Mata.
Os preços variam e podem ser até iguais ou mais caros que uma passagem regular, por empresa cadastrada junto aos órgãos fiscalizadores. Nem por isso deixam de rodar cheios, por serem mais rápidos e pela falta de lugares na demanda formal. Mas há também valores bem “convidativos”, como em uma viagem para Januária, que sai a R$ 173,60 no guichê da rodoviária e cai para R$ 90 entre os piratas, diferença de 48,2%. De BH a Montes Claros, a tarifa oficial de R$ 122,76 sai por R$ 60 nos irregulares, preço 50,2% menor. O custo extra pode vir sob a forma de um acidente, como o ocorrido com o ônibus pirata que seguia do Nordeste para São Paulo sem nenhuma condição de trafegar, segundo a Polícia Rodoviária Federal, e que se acidentou no domingo ao passar por Minas. (Colaborou Paulo Henrique Lobato) .