Difícil apagar a dor e as lembranças, mas quem viveu na pele a tragédia provocada pelo rompimento da barragem de rejeitos de minério em Mariana, na Região Central de Minas, conseguiu um alento neste Natal. Acordo do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) e a mineradora Samarco, que define indenização emergencial para as vítimas, trouxe, no mínimo, um pouco de alívio e conforto nesta data comemorativa.
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Samarco e prefeituras definem orientações para utilização fundo de indenizaçõesPrefeito de Mariana pretende negociar indenizações com maior mineradora do mundoSamarco também indenizará famílias que tiveram outros imóveis atingidos em desastreDe Mariana, em Minas, a Linhares, no Espírito Santo, tragédia prejudica o turismoDeputados vão visitar Mina Germano em Mariana Fim de 2015 está longe de encerrar desdobramentos da tragédia de MarianaSamarco diz que Barragem do Fundão não será reconstruídaPassando o Natal em casas alugadas, famílias desejam ter Bento Rodrigues restauradoSegundo Zezinho do Bento, o Natal jamais será o mesmo para quem perdeu parentes na tragédia. “É o primeiro Natal sem essas pessoas que morreram. Mesmo se as famílias já estivessem reassentadas definitivamente, ainda não seria como elas esperavam. É um Natal diferente de todos que a gente já viveu, pois ninguém se conforma em perder uma vida humana, ninguém quer”, lamentou.
O acordo foi homologado pelo juiz em substituição na 2ª Vara Cível, Criminal e de Execuções Penais de Mariana, Frederico Esteves Duarte Gonçalves. Também participaram da audiência de conciliação as empresas Vale e BHP Billiton. As famílias das 19 vítimas falecidas ou desaparecidas devem receber R$ 100 mil a título de antecipação de indenização. Cada família que sofreu deslocamento físico receberá R$ 20 mil, dos quais R$ 10 mil são antecipação de indenização e R$ 10 mil não serão passíveis de compensação futura. Para o pagamento desses valores, a Samarco poderá levantar R$ 5,5 milhões dos R$ 300 milhões bloqueados na ação cautelar vinculada ao processo. A mineradora terá até 31 de janeiro para prestar conta em juízo do valor gasto.
A Samarco se comprometeu a continuar, por 12 meses, a pagar um salário-mínimo para cada pessoa que perdeu a renda em razão do rompimento da barragem.
Quando houver o reassentamento definitivo, as famílias ainda terão mais três meses depois da entrega das chaves para fazer a mudança, garante o acordo. Mas, se alguma família não concordar em ser reassentada definitivamente, a mineradora ainda vai continuar pagando aluguel por até um ano. A Samarco concluiu a transferência de 271 famílias de hotéis para casas alugadas. Quatro preferiram continuar em hotéis e a hospedagem continua sendo custeada pela mineradora. A quem perdeu tudo na tragédia, mas que não quer ficar alojada em hotéis ou em casas alugadas e prefere ficar na casa de parentes, por exemplo, o acordo garante o recebimento mensal de R$ 1,2 mil, equivalente ao valor do aluguel pago. Esse pagamento é retroativo a 5 de novembro.
Segundo Zezinho, as famílias estão felizes por passar o Natal fora do hotel, mas “não totalmente”, ressalta.