A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou ontem o uso da primeira vacina contra a dengue no Brasil, mas isso não significa que o combate ao mosquito Aedes aegypti, vetor da doença, deva ser deixado de lado. Em primeiro lugar, porque o medicamento só imuniza contra a dengue e não tem nenhum efeito sobre o zika vírus e a febre chikungunya, as outras duas doenças transmitidas pelo inseto. Em segundo, a vacina só será aplicada em pessoas entre 9 e 45 anos, o que deixa grande parte da população sem cobertura.
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Nos últimos oito anos, apenas 2013 (368.387 casos) e 2010 (194.636) superam 2015. O número de mortos também teve aumento neste ano na comparação com o ano anterior. Até o momento foram confirmados 67 óbitos no estado, contra 51 em 2014.
Em razão da gravidade da situação epidemiológica, o governo federal determinou a vistoria em 100% dos imóveis do país para eliminar criatórios do mosquito transmissor das três doenças. Em Minas, essa será uma das missões do comitê gestor que será implementado hoje. A circulação do zika vírus só serviu para agravar a situação, pois a doença está relacionada ao surgimento de casos de microcefalia e da síndrome de Guillain-Barré, que leva à paralisia dos músculos.
Pelo menos um caso de síndrome de Guillain-Barré está em investigação em Minas. Um adolescente de 16 anos, morador de Pedra Bonita, na Zona da Mata, teve a doença confirmada pela Santa Casa de Carangola, onde foi atendido.
Em Belo Horizonte, onde a administração municipal decretou situação de emergência por causa do Aedes aegypti, o quadro também é preocupante. O número de casos de dengue quintuplicou este ano em comparação com 2014, passando de 3.307 para 15.645. Entre as linhas de combate traçadas pelo Prefeitura de BH para combater os focos do mosquito transmissor está uma parceria com o Ministério Público de Minas Gerais para intimar os donos de casas fechadas e de lotes vagos que não forem limpos. O decreto de situação de emergência tem validade de seis meses. Até lá, a administração municipal espera vistoriar todos os imóveis da capital.
IMUNIZAÇÃO A vacina contra a dengue será oferecida inicialmente na rede particular de Saúde. Depois que o preço do medicamento for definido, a Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias do Sistema Único de Saúde avaliará se vale a pena incorporar o produto ao sistema público de vacinação. Para essa definição serão analisados os critérios de custo, efetividade e impactos epidemiológico e orçamentário da incorporação da vacina ao SUS.
A vacina é indicada para pessoas entre 9 e 45 anos e protege contra os quatro tipos do vírus da dengue.
Será aplicada em três doses, com intervalo de seis meses, mas, segundo Sheila Homsani, diretora médica da Sanofi Brasil, grupo farmacêutico que produz a vacina, “o medicamento tem eficácia a partir da primeira dose, protegendo em torno de 70% dos imunizados”. “A necessidade das outras doses ocorre porque a proteção vai caindo com o tempo, não se mantém sem as outras duas. A proteção só se efetiva por muitos anos quando são tomadas as três doses”, explicou Sheila.
O Brasil é o terceiro país a aprovar a vacina contra a dengue. No começo do mês, o México autorizou o registro do imunizante. Em seguida, foi a vez das Filipinas. O desenvolvimento clínico do produto envolveu mais de 20 estudos e mais de 40 mil participantes, entre crianças, adolescentes e adultos, em 15 países..