Os rejeitos das barragens da Samarco, controlada pela Vale e a BHP Billiton, devem continuar chegando aos afluentes do Rio Doce até fevereiro. A previsão, que contraria decisão judicial, foi repassada nesta terça-feira a integrantes da Comissão Extraordinária das Barragens da Assembleia Legislativa, que visitaram a Mina Germano, a barragem de Santarém e o que restou do Fundão, que se rompeu no início de novembro espalhando o material da mineradora até o estado do Espírito Santo. Depois de cerca de três horas de inspeção, os deputados constataram um avanço nas obras para conter novos vazamentos, mas informaram que a situação ainda não foi resolvida.
A mineradora contestou a comissão e alegou que não há vazamento na barragem do Fundão. Em nota, informou que "em função das chuvas neste período, ocorre movimentação de rejeitos sólidos". A assessoria de imprensa da empresa informou que o prazo ainda não venceu e ressaltou as obras para reforço das estruturas remanescentes e a construção dos diques de contenção de rejeitos. Os trabalhos estão dentro do cronograma previsto, de acordo com a nota, que frisa ainda que "as estruturas das barragens estão estáveis e são monitoradas 24 horas por dia.”
“O que vimos de fato é que ainda tem lama, ela vai pelo córrego da Germano e atinge o rio, mas, de fato eles têm trabalhado para que isso seja evitado e resolvido”, afirmou o deputado Professor Neivaldo (PT). O prazo para a mineradora conter o vazamento, concedido pela 12ª Vara de Justiça Federal, terminou na segunda-feira. Desde então, a Samarco está sujeita a multa diária de R$ 1,5 milhão.
Segundo o parlamentar, estão sendo construídos dois diques de galope abaixo da barragem de Santarém com a função de fazer a limpeza das impurezas da água, evitando a continuidade da poluição do Rio Doce. Também está sendo feito um trabalho de monitoramento e tratamento da água. “Uma das ações é tirar água do córrego do fundão através de um bombeamento. Eles levam para um tratamento e depois devolvem”, explicou Neivaldo.
Segundo a comissão, a Samarco também está plantando na região para evitar a erosão do terreno, que poderia jogar mais barro nas águas do rio. “Existe também a questão social. A empresa informou que hoje há apenas quatro famílias em hotel, porque preferiram ficar lá, e o restante está em casas alugadas. Apesar disso não avançou a questão da moradia fixa e estamos cobrando agilidade”, disse.