São Paulo - A revolta contra os danos ambientais provocados pela tragédia de Marina chegou à Corrida de São Silvestre, a mais tradicional prova do atletismo brasileiro, disputada nessa manhã, nas ruas de São Paulo, com 30 mil participantes.
O protesto contra os estragos pelo rompimento da barragem de rejeitos de minério da Samarco foi levado para a corrida pelo motorista José Márcio Zanetti, de 56 anos, natural de Ribeirão Preto (SP). Ele participou da prova carregando na cabeça uma réplica da barragem de Fundão, que rompeu no dia 5 de novembro, devastou o distrito de Bento Rodrigues e provocou destruição ao longo do Rio Doce em Minas Gerais no Espírito Santo.
''A minha intenção é fazer um alerta ao país. A tragédia de Mariana foi o maior desastre ambiental dos últimos tempos. Devastou um ecossistema que vai demorar séculos para ser recuperado. Estou protestando para que providências sejam retomadas a fim de que uma tragédia como essa não se repita'', disse Zanetti. Ele fez a réplica da barragem de Fundão com o uso de isopor e outros materiais recicláveis.
Morador de Vitória, o aposentado Jair da Conceição, de 66 anos, que trabalhou na Vale como técnico em mecânica durante mais de 20 anos, também participou da Corrida de São Silvestre e elogiou a iniciativa do protesto na prova de atletismo, ''Lamentavalmente, os danos provocados pelo desastre em Mariana também atingiram o meu estado, o Espirito Santo. Acho que a culpa pela ocorrência de uma tragédia ambiental dessa é do sistema político, que é corrupto.
A corrida de São Silvestre também contou com a participação de muitos mineiros, dominados apenas pelo espírito esportivo e pela alegria. Foi o caso das amigas Ines Batista e Liliana Gurilem, que ''disputaram'' a prova com uma grande faixa com o nome da cidade onde residem, Itabirito. ''Vim a São Silvestre pelo quarta vez seguida. É muito bom encerrar o ano correndo e com alegria'', disse Inês.
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