No dia em que a tragédia de Mariana completa dois meses, um grupo formado por sete mulheres e um homem, ex-moradores do subdistrito de Bento Rodrigues, planeja a retomada da produção de geleia de pimenta biquinho, uma tradição na região. Nesta terça-feira, às 14h, no Centro de Convenções de Mariana (Avenida Getúlio Vargas, s/n), os integrantes da Associação dos Hortigranjeiros de Bento Rodrigues começam a traçar as diretrizes do negócio que conquistou paladares e, apesar do rompimento da Barragem do Fundão da mineradora Samarco, vem recebendo muitos pedidos de Minas e outros estados.
A retomada da produção foi estimulada pelo Programa de Fortalecimento da Indústria de Base Artesanal, executado pelo Instituto Centro de Capacitação e Apoio ao Empreendedor (Centro Cape), por meio do Instituto de Qualidade Sustentável (IQS). De início, será elaborado um planejamento estratégico para a empreitada sob a orientação de consultores da instituição – no total, serão 16 horas de consultoria em janeiro. Também participam do encontro representantes da Prefeitura Municipal de Mariana, da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop) e da Samarco. “Precisamos resgatar a autoestima do grupo e mostrar que todos são empreendedores, apesar do que ocorreu em 5 de novembro”, diz a consultora do Centro Cape, Lidiane Samoura.
Planejamento
De acordo com a coordenadora do IQS, Ritha Jácome, o planejamento será feito levando em consideração os meios que a associação tem no momento. Como o prédio onde ela funcionava em Bento Rodrigues não foi atingido pela lama, foi possível retirar do imóvel o estoque do produto armazenado (cerca de 504 potes, contendo 170 gramas cada um), além de 70 kg de pimenta biquinho, equipamentos e utilitários usados na produção, que estão guardados num contêiner da Samarco. Apesar de o prédio ter ficado de pé, a associação não conseguiu resgatar tudo o que estava no imóvel. Ele foi saqueado por oportunistas que levaram até telhas, pias e bacias sanitárias da construção.
A produção será retomada em imóvel alugado pela mineradora em Mariana, que está sendo reformado para cumprir as adaptações exigidas para a atividade pela Vigilância Sanitária.