O secretário de Fazenda de Governador Valadares, Leandro Medrado, sustenta que, antes da correção, a tarifa correspondia a um terço do que a maior parte dos mineiros paga para usufruir do serviço de abastecimento da Copasa e afasta qualquer ligação entre a crise de abastecimento causada pela lama da barragem da mineradora Samarco e o reajuste. “O que aconteceu aqui foi uma situação provocada por uma tragédia ambiental. Independentemente disso, todo ano nós fazemos a correção da inflação, já que a nossa despesa também sofre aumento em decorrência da inflação”, completa o secretário.
Qualidade questionada Apesar da j justificativa, o aumento irritou moradores. Parte da população ainda reluta em usar o água do Rio Doce para beber e, com isso, pelo menos 15 pontos de distribuição de água mineral na cidade ainda estão em funcionamento. Segundo a major Adriana Alfenas, chefe da assessoria de comunicação da 8ª Região de Polícia Militar, há comunidades em que os carregamentos de água precisam de reforço policial para não serem saqueados. O empresário Felipe Almeida Albergaria Kneipp, que é dono de uma fábrica de alimentos na cidade, considera que o aumento na conta de água foi feito sem a devida transparência. “Além disso, é mais aperto em um momento de crise em que nem temos tanta certeza da qualidade dessa água. Acho que seria prudente esperar mais um pouco e discutir essa correção”, afirma.
Ele também destaca a dificuldade de continuar buscando água com boa procedência, já que os clientes sempre perguntam de onde vem o produto que a fábrica está usando. Esse problema também é enfrentado pelo dono de uma loja de sucos e lanches, na Avenida Minas Gerais, Onofre Liberato Júnior. “Nesse momento, a prefeitura deveria dar desconto e não aumentar o preço da água, em virtude de tudo que a gente está passando. Eu mesmo continuo gastando mais, já que a maioria da população só aceita o suco com água mineral. Ninguém quer arriscar, o futuro ainda é muito duvidoso “, completa. A prefeitura mantém a posição de que a água tratada pelo Saae em Valadares é própria para consumo humano, com base em laudos da Copasa e de outras companhias de saneamento do Brasil.