Uma moradora de Sabará, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, registrou ocorrência policial e anunciou que pretende acionar o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) para denunciar caso de preconceito sofrido dentro de um supermercado no Centro da capital na segunda-feira. A publicitária e jornalista Etiene Martins, de 32 anos, acusa um segurança terceirizado do estabelecimento de agredi-la verbalmente depois de ter sido impedida de entrar com a mochila na área de compras e afirma que o funcionário mostrou o cassetete para intimidá-la. Segundo Etiene, o segurança disse que ela era “o tipo de gente que rouba aqui todos os dias”. À polícia, o funcionário negou a ofensa e alegou ter repassado orientação sobre a necessidade de deixar a mochila no guarda-volumes.
Etiene conta que, durante a discussão, outro cliente passou pela catraca e entrou na loja com um mochila sem ser abordado. Ela então decidiu entrar na área de compras para procurar a gerência da loja. Nesse momento, a publicitária relata, o segurança tirou o cassetete da cintura. “Mesmo com medo, perguntei se ele achava que eu pretendia roubar a loja. Ele disse: 'É esse tipo de gente que rouba aqui todos os dias'”.
A publicitária conta que foi até a encarregada da loja para relatar a situação e recebeu a resposta de que não era a primeira vez que esse tipo de episódio ocorria com o segurança, que seria de uma empresa terceirizada. A funcionária teria dito ainda que estava esperando o acúmulo de uma certa quantidade de reclamações para pedir a substituição do profissional. Etiene decidiu então chamar a Polícia Militar e registrar boletim de ocorrência. Segundo a PM, o segurança negou ofensas e gritos e afirmou que apenas orientou a cliente para não entrar com a mochila no estabelecimento.
REPERCUSSÃO Revoltada com o ocorrido, Etiene fez um desabafo no Facebook. No início da tarde desta terça-feira, a postagem registrava mais de 400 compartilhamentos e mais de 1,6 mil curtidas. “A gente que é negra passa por esse tipo de situação, mas foi a primeira vez que eu passei de uma forma tão explícita”, disse. Ela afirmou que buscará orientação de um advogado e acionará o Ministério Público até amanhã “para evitar que mais um caso de discriminação fique impune”.
Por meio de nota, a rede de supermercados O Dia lamentou o caso e informou que "não compactua com qualquer destrato aos clientes cometido por funcionários e/ou terceiros". A empresa afirmou que vai entrar em contato com a vítima e anunciou que tomará providências.