A irresponsabilidade de adultos e crianças em criar histórias de tragédias ou uma simples ligação por diversão para órgãos de segurança vêm causando prejuízos para o Estado de Minas Gerais e colocando em risco a vida de vítimas. O Corpo de Bombeiros apresentou alta em 2015 no número de trotes. Durante os últimos 12 meses, foram registradas 5,7 mil, média de 15,6 ligações irregulares por dia. No ano anterior, foram 4,3 mil trotes, média de 11,7 acionamentos indevidos. No ultimo domingo, a comunicação falsa de um acidente na MG-10 mobilizou viaturas de resgate e o helicóptero dos bombeiros. A Região Metropolitana de Belo Horizonte ficou sem a cobertura do socorro aéreo por uma hora e quarenta minutos.
O trote do último domingo revoltou socorridas do BIM Resgate, que gravou um vídeo e postou nas redes sociais. A denúncia viralizou na Internet e alcançou mais de 60 mil compartilhamentos, 20 mil curtidas e mais de 1,5 milhões de visualizações. A situação aconteceu por volta das 15h30 e mobilizou ambulâncias do serviço voluntário e do Corpo de Bombeiros.
O major Anderson Passos, subcomandante do Batalhão de Operações Aéreas (BOA) participou da ação de resgate. “Lá, foi uma hora e 40 minutos de voo. A pessoa que ligou deu informações detalhadas sobre o acidente, que seria um capotamento. Como o local não tinha nenhuma cidade próxima, verificamos dentro de valas, ribanceiras. Foi uma agonia. Normalmente, quando temos acidentes há congestionamentos. Como não tinha, tivemos que fazer uma busca minuciosa”, comentou.
O deslocamento da aeronave poderia ter causado um prejuízo ainda maior. “No tempo em que ficamos lá, e no momento era o único helicóptero disponível, a Região Metropolitana de Belo Horizonte ficou sem aeronave para atendimento. Se acontecesse um acidente grave, a ocorrência ficaria sem o suporte aéreo”, afirma o major.
No ano passado, somente o batalhão aéreo recebeu em média, um trote por mês. Apenas em deslocamentos com aeronave para chamadas irregulares foram 10h de voo, o que equivale a aproximadamente 15 ocorrências que deixaram de ser atendidas. “Vale mencionar que quando recebemos o trote tentamos identificar o autor de todas as formas possíveis. Uma vez identificada são movidas as devidas ações penais para imputar a ele todos os tipos de ações penais. É um absurdo que isso ainda acontece. Estamos tratando a vida de um semelhante de uma forma tão infantil”, desabafou.