O funcionário acusado de preconceito contra uma moradora negra de Sabará, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, foi demitido na tarde desta terça-feira. A publicitária e jornalista Etiene Martins, de 32 anos, acusa o segurança terceirizado do estabelecimento, localizado no Centro de BH, de agredi-la verbalmente depois de ter sido impedida de entrar com a mochila na área de compras nessa segunda-feira. Ela afirma que o funcionário mostrou o cassetete para intimidá-la. Segundo Etiene, o segurança disse que ela era “do tipo de gente que rouba aqui todos os dias”. À polícia, o funcionário negou a ofensa e alegou ter repassado orientação sobre a necessidade de deixar a mochila no guarda-volumes.
O caso ocorreu no fim da tarde de segunda-feira. Etiene conta que foi à unidade do supermercado O Dia na Rua da Bahia para comprar duas lâmpadas, por volta das 18h. Na entrada, havia uma catraca, e ao lado, os caixas. Ela se aproximou do segurança para perguntar onde era a entrada e alega ter recebido resposta agressiva. O homem teria gritado para ela colocar a mochila no guarda-volumes. “O supermercado parou, funcionários e clientes voltaram a atenção para nós”, conta. Etiene disse que, depois de perceber que todas as clientes do supermercado estavam com suas bolsas, perguntou por que deveria guardar a mochila dela. O segurança, conta a publicitária, perguntou se ela “não sabia ler” e apontou para um painel na parede, com dezenas de tópicos, um deles dizendo ser proibida a entrada com bolsas, sacolas e mochilas.
Etiene conta que, durante a discussão, outro cliente passou pela catraca e entrou na loja com uma mochila sem ser abordado. Ela, então, decidiu entrar na área de compras para procurar a gerência da loja. Nesse momento, a publicitária relata, o segurança tirou o cassetete da cintura. “Mesmo com medo, perguntei se ele achava que eu pretendia roubar a loja. Ele disse: 'É esse tipo de gente que rouba aqui todos os dias'”.
A publicitária conta que foi até a encarregada da loja para relatar a situação e recebeu a resposta de que não era a primeira vez que esse tipo de episódio ocorria com o segurança, que seria de uma empresa terceirizada. A funcionária teria dito ainda que estava esperando o acúmulo de uma certa quantidade de reclamações para pedir a substituição do profissional. Etiene decidiu chamar a Polícia Militar e registrar boletim de ocorrência. Segundo a PM, o segurança negou ofensas e gritos e afirmou que apenas orientou a cliente para não entrar com a mochila no estabelecimento.
REPERCUSSÃO Revoltada com o ocorrido, Etiene fez um desabafo no Facebook. No início da tarde desta terça-feira, a postagem registrava mais de 400 compartilhamentos e mais de 1,6 mil curtidas. “A gente que é negra passa por esse tipo de situação, mas foi a primeira vez que eu passei de uma forma tão explícita”, disse. Ela afirmou que buscará orientação de um advogado e acionará o Ministério Público “para evitar que mais um caso de discriminação fique impune”.