Minas Gerais registrou em 2015 o segundo maior número de casos prováveis de dengue dos últimos quatro anos: foram 189.602 notificações, que envolvem confirmações e suspeitas da doença. O número só ficou abaixo de 2013, quando foram registradas 414.593 notificações. No ano passado, 67 pessoas morreram vítimas de dengue. Em 2016, as autoridades também estão em alerta por causa de outras doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti. Em 2015, ocorreram sete casos de febre chikungunya no estado. Nenhum caso de zika vírus foi confirmado, mas 20 ainda estão sob investigação. Em relação a 2014, que registrou 57.844 notificações e 51 mortes, as ocorrências de dengue no ano passado mais que triplicaram e avançaram 227,7%.
De acordo com o presidente da Sociedade Mineira de Infectologia, Estêvão Urbano, com o aumento dos casos de dengue no estado, significa que há uma proliferação maior do Aedes aegypti. E, como mosquito também transmite o zika, se esse vírus começar a circular em Minas, pode haver graves consequências.
Em 2016, a Secretaria Estadual de Saúde (SES) informou que vai mudar a metodologia do balanço do número de casos de dengue. Agora, serão usados os dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação. Mesma estratégia utilizada pelo Ministério da Saúde. No último boletim com a metodologia antiga, divulgado em 28 de dezembro, o estado estava com 148.123 confirmações da doença, quase o triplo registrado em 2014 (49.360). Em relação ao número de mortes por causa da doença, a unidade regional de Divinópolis, na Região Centro-Oeste de Minas, foi a que apresentou a maioria dos casos. Foram 14 pessoas que perderam a vida por causa da doença, o que representa 20,8% do total. Em seguida, vem Uberlândia e Uberaba, no Triângulo Mineiro, que tiveram 10 mortes, respectivamente, e Belo Horizonte, com 9. O maior volume de ocorrências de óbitos foi em pessoas na faixa etária entre 50 e 64 anos e entre 35 e 49 anos.
Os números de dengue oscilam de um ano para o outro em Minas. Em 2012, foram 31.670, segundo a SES. Em 2013, os casos subiram para 414.593. Voltou a cair em 2014, para 57.844, e, em 2015, avançaram para 189.602. Para o infectologista Estevâo Urbano, é muito difícil explicar esse sobe e desce dos números a cada ano, mas há várias hipóteses.
A SES informou que, além da campanha 10 Minutos Contra a Dengue, está investindo R$ 36,6 milhões em ações de vigilância e controle de endemias transmitidas por vetores. O recurso será dividido para os 853 municípios mineiros. “Outra ação é o fortalecimento dos 28 Comitês Regionais de Monitoramento, que irão avaliar a situação epidemiológica dos municípios e dar o apoio técnico necessário”, informou a secretaria em nota. “Foram feitas oficinas regionais, que tiveram participação de representantes da Saúde dos 853 municípios mineiros”, acrescentou. A pasta ainda informou que o estado também está em alerta por causa de outras enfermidades transmitas pelo mosquito, como febre chikungunya e zika.
CAPITAL Belo Horizonte confirmou em 2015, segundo a Secretaria Municipal de Saúde, 15.749 casos de dengue e 2.334 suspeitos estão sob investigação. Além dessas ocorrências, 12.815 notificações foram descartadas.
Dos 15.749 casos confirmados no ano passado, 75,2% se concentraram nos meses de abril e maio (11.849), período de maior transmissão no ano. “A prefeitura promove toda semana ações de sensibilização para o combate ao mosquito Aedes aegypti”, informou, em nota.
BRASIL O aumento de casos de dengue foi identificado em todas as regiões do país e aponta também para o crescimento da população de Aedes aegypti em todo o território nacional. Até a primeira semana de dezembro, foram notificadas 1.587.080 infecções por dengue – 123.304 a mais do que o verificado até a última semana de setembro. No Sudeste, as ocorrências saltaram de 10,7 para 19,2 por 100 mil habitantes
“Todos os anos, o país registra aumento de casos no período das chuvas, no verão. Mas, em 2015, o fenômeno ocorreu de forma antecipada”, afirma João Bosco Siqueira Júnior, professor do Departamento de Saúde Coletiva da Universidade Federal de Goiás (UFG). A tendência de elevação acontece a partir de dezembro e janeiro. Em 2015, o aumento começou em outubro e novembro.
Segundo o Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde, mais 100 mortes foram contabilizadas entre a última semana de setembro e a primeira de dezembro, totalizando ao menos 839 óbitos provocados pela doença, o maior número registrado desde que o vírus, transmitido pelo Aedes aegypti, voltou ao país, em 1982.
Microcefalia: mais de 3,1 mil casos suspeitos
Dados divulgados ontem pelo Ministério da Saúde mostram que foram notificados 3.174 casos suspeitos de microcefalia relacionada ao zika vírus em recém-nascidos. Pela primeira vez está sendo investigado um caso no Amazonas. As notificações estão distribuídas em 684 municípios de 21 unidades da federação. Também estão em investigação 38 óbitos de bebês com microcefalia, possivelmente relacionados ao zika vírus.
O Ministério da Saúde só tem divulgado o número de casos em que não há certeza de que o recém-nascido tem microcefalia relacionada ao vírus zika. Os bebês têm o quadro confirmado ou descartado depois que passam por exames neurológicos e de imagem, como a ultrassonografia transfontanela e a tomografia, porém, desde que começou a divulgar semanalmente boletins, a pasta tornou publica a confirmação de 134 casos e o descarte de 102.
O estado de Pernambuco, o primeiro a identificar aumento de microcefalia, continua com o maior número de casos suspeitos (1.185), o que representa 37,33% do total registrado em todo o país. Em seguida, estão Paraíba (504), da Bahia (312), Rio Grande do Norte (169), Sergipe (146), Ceará (134), Alagoas (139), Mato Grosso (123) e Rio de Janeiro (118).
MINAS Nenhum caso de zika vírus ainda foi registrado em Minas Gerais. Em 2015, segundo a Secretaria Estadual de Saúde (SES), foram notificados 28 casos. Destes, oito foram descartados e outros 20 seguem sob investigação.