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Estado de Minas

Bióloga reclama de falta de vacina antirrábica em BH

Jovem mordida por morcego na virada do ano diz ter conseguido tomar somente a primeira das cinco doses recomendadas por médica


07/01/2016 17:15 - atualizado 07/01/2016 22:04

A vacina antirrábica está em falta nos postos de saúde de Belo Horizonte. A reclamação foi feita pela bióloga Natália Paes Leme, de 23 anos, que foi mordida por morcego em 31 de dezembro, durante festa de réveillon. A jovem participou de evento festivo em um local aberto e próximo a áreas verdes e rochas no Bairro Jardim Canadá, em Nova Lima, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Ela não percebeu na hora o ataque do animal, mas no dia seguinte, ao ver o hematoma na perna, procurou ajuda. Consultou-se com uma médica de trabalho que a orientou a se vacinar. “A médica do meu trabalho tirou uma foto e encaminhou para uma médica no Hospital João XXIII. Essa médica me alertou, falando que parecia mordida de morcego e fui encaminhada para o Centro de Referência de Imunobiológicos Especiais (Crie) para tomar a vacina antirrábica.”

Lá, a bióloga, recebeu o soro antirrábico e foi orientada a tomar cinco doses da vacina, que evita a raiva, doença transmitida pelo morcego. Ela tomou a primeira dose na semana passada, mas, nesta semana, não conseguiu a segunda. Na terça, a jovem encontrou a vacina no Centro de Saúde Santa Terezinha, onde recebeu a primeira dose. Segundo ela, a enfermeira a alertou que lá era o único posto de BH que ainda tinha a vacina. “Ela me disse para eu mapear outros postos em municípios vizinhos, porque o estoque estava acabando, sem previsão de chegar. Assim, não daria para eu tomar as próximas quatro doses.”

Por conta própria, a jovem ligou para diversos postos em Belo Horizonte e até para centros de saúde em São Joaquim de Bicas, Rio Acima, Igarapé, Confins, Pedro Leopoldo, Juatuba, Vespasiano, Pará de Minas, Betim, Contagem . Até o momento não conseguiu se vacinar. De acordo com Natália, os funcionários de Rio Acima informaram que outras 12 pessoas da capital também procuraram pela vacina. “Tudo isso é absurdo. Além do meu caso, atípico por ser morcego, pessoas são mordidas por cachorro todos os dias, e uma vez que se pega raiva, a doença mata, em questão de dias, não tem cura. É a doença mais temida que existe, apesar de estar controlada pela vacinação”, diz.

O morcego pode transmitir a raiva por ser um mamífero alado. A doença é uma zoonose viral, que se caracteriza como uma encefalite progressiva aguda e letal. Todos os mamíferos são suscetíveis ao vírus da raiva e podem transmiti-la. A doença apresenta dois principais ciclos de transmissão: urbano e silvestre, sendo o urbano passível de eliminação, por se dispor de medidas eficientes de prevenção, tanto em relação ao ser humano, quanto à fonte de infecção. A conduta de indicação de aplicação de vacina e soro antirrábico deve ser realizada pelo profissional de saúde devidamente capacitado.

A Prefeitura de Belo Horizonte admitiu que a vacina está em falta. Em nota, por meio da Secretaria Municipal de Saúde (SMSA), a administração municipal informou que foi comunicada pela coordenação do Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde sobre a indisponibilidade de estoque da Vacina anti-rábica (VERO). As vacinas disponibilizadas pela Rede SUS-BH são enviadas pelo governo federal e o repasse aos municípios é feito pela Secretaria de Estado da Saúde (SES).

No comunicado recebido pela PBH, o Ministério da Saúde diz que a falta da vacina é devido ao estoque reduzido e ao atraso na entrega em novembro pelo Instituto Butantan. Ainda de acordo com a SMSA, a prefeitura mantém contato permanente com Ministério da Saúde e a Secretaria de Estado da Saúde para acompanhar a normalização do fornecimento das vacinas.


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